As eleições municipais deste ano ocorreram em conjuntura adversa em razão da pandemia
Sem dúvida, as eleições representam uma centralidade sem precedente na vida das pessoas. Nos municípios médios e pequenos, acessar o poder político local é o caminho mais concreto para a melhoria de vida pessoal, em especial, no acesso a emprego, apoio a projetos sociais, etc. Daí que mesmo com a pandemia, já se esperava que as campanhas mantivessem mobilizações que enfraquecessem o isolamento social porque existe uma cultura política do “mapeamento” nas atividades de rua: todos os candidatos querem medir o grau de adesão e criar um volume de campanha com visibilidade pública que permita influenciar eleitores indecisos e gerar um sentimento de vitória eleitoral.
As eleições municipais deste ano estão acontecendo em uma conjuntura adversa em razão da pandemia em torno de tensões institucionais que foram da mudança abrupta da data das eleições até o atraso dos protocolos por parte da Justiça Eleitoral, que garantissem segurança sanitária, coibindo aglomerações e organização das seções eleitorais.
A pandemia foi a principal bandeira destas eleições com a população baiana totalmente envolvida nas pautas da saúde e o que os candidatos fariam para gerar oportunidades de trabalho e renda. Neste sentido, as eleições em todo o Brasil favoreceram políticos com carreira política estabelecida, deixando pouco espaço para outsiders defensores da “nova política”. Mais um efeito da pandemia a ser testado como hipótese.
A eleição de 2020 também foi marcada pelo fim das coligações para cargos legislativos. Esta mudança na maneira pela qual os partidos se organizam para concorrer aos cargos de vereadores gerou um consequente aumento de candidaturas para as prefeituras, assim como nas chapas de vereadores. Na Bahia, tivemos um crescimento de 14% no registro total de candidaturas.
Outro fator importante consolidado na política baiana é o avanço da profissionalização das campanhas nos pequenos municípios quanto à organização e gestão das campanhas eleitorais nas áreas de comunicação, marketing político e mídias sociais. A pandemia atrapalhou o aumento desta profissionalização com ações de mobilização que unissem as ruas com as redes sociais, mas é uma tendência incontornável que foi catapultada com a substituição do financiamento empresarial de campanha (proibido a partir das eleições de 2016) pelo uso do Fundo Eleitoral.
Uma análise inicial do mapa partidário nos 20 maiores municípios da Bahia mostra uma clara polarização e divisão de forças entre a base aliada do governador Rui Costa (PT) e a oposição liderada pelo prefeito ACM Neto (DEM). O PT conquistou Lauro de Freitas e disputará o segundo turno em Feira de Santana e Vitória da Conquista. O DEM conquistou Salvador, Alagoinhas, Barreiras, Camaçari e Guanambi, mostrando muita força nas cidades com mais população e PIB per capita.
A disputa entre DEM e PT ocorre paralela ao crescimento do PP e PSD como forças coalizacionais lideradas por Rui Costa, mas que adquire um tamanho político com “luz própria” e protagonismo capazes de redesenhar um novo bloco político paralelo á polarização entre petistas e democratas.
A depender das estratégias em jogo para 2022 e os fatores nacionais envolvendo a montagem do palanque da disputa presidencial, PP e PSD terão grandes chances de definir o próximo vencedor nas eleições ao governo, mesmo que marchem juntos ou separados.