Apreensões não inibem comércio ilegal de carne

Qua , 21/01/2009 às 21:51 | Atualizado em: 21/01/2009 às 21:59

Apreensões não inibem comércio ilegal de carne

Mário Bittencourt, da sucursal Eunápolis

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Bahia

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Mesmo após a apreensão, no final do ano passado, de 88,5 kg de carne bovina – 9 kg já em estado de putrefação – que estavam sendo ilegalmente comercializados nos mercados de Eunápolis (a 643 km de Salvador, no extremo sul da Bahia), os comerciantes flagrados por agentes da Vigilância Sanitária e da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), continuam a vender seus produtos, alheios às exigências da Portaria 304/96, do Ministério da Agricultura, que regulamenta o setor, desde o abate à comercialização.

A TARDE visitou os oito pontos comerciais, autuados nos dias 17 e 19 de dezembro – os quais também foram denunciados pelo Ministério Público Estadual (MPE) no dia 9 deste mês –, e constatou que as carnes ainda estão sendo expostas em balcões repletos de moscas e outros insetos voadores ou penduradas em ganchos, onde qualquer um que chega, estando de mãos limpas ou não, manuseia o produto.

Já os açougueiros, que poderiam amenizar a situação usando uma luva, nem isto fazem. E alguns, como o açougueiro Claudionor de Jesus Souza, que vende carne suína no Mercado Municipal Paulo Souto, afirmam, sem constrangimento, que a carne que comercializa é de abate clandestino. “Na região não há lugar onde se abate porco. É clandestino mesmo“, disse e depois mostrou um documento de autuação da Vigilância Sanitária. “É raro a fiscalização vir aqui, mas quando vem, faz muitas apreensões“.

O açougueiro Luciano Galdino dos Anjos, em cujo estabelecimento foram apreendidos 41,56 kg de carne bovina salgada que estava pendurada em ganchos – o que ainda continua sendo feito –, apesar de não mostrar documento algum, disse que seu produto é comprado do Frigopar, onde é feito o abate legal, em Eunápolis. “Eu só boto aí carne de segunda“, tentou se defender. “Mas tem muita gente que coloca a carne no freezer, mas o aparelho não está ligado“, disse, sem apontar quem o faz.

FALTA DE ENERGIA – No Mercado Municipal Miguel Cardoso, situado no bairro Pequi, onde ocorreu a maioria das apreensões, os açougueiros puseram a culpa de estarem na ilegalidade na prefeitura. “Os boxes pagam uma taxa que varia de R$ 80 a R$ 150 por mês, a depender do tamanho, para ter o serviço de água e energia em boas condições. Mas acontece que a energia é muito fraca e não aguenta dois freezeres ligados em cada boxe. O problema é este“, disse o açougueiro Júnior Carlos Magalhães, que trabalha no Açougue do Galego, onde foram apreendidos 22 kg de carne bovina.

O secretário do Interior e Abastecimento de Eunápolis, Alick Maia, reconheceu que a prefeitura tem culpa no fornecimento de energia dos mercados Paulo Souto e Miguel Cardoso, pois, nos dois mercados, há apenas um contador para todos os boxes. E disse ainda que, por enquanto, a prefeitura só tomará providência em relação ao Mercado Paulo Souto, que passa por uma reforma, prevista para ser conluida no final deste mês.

“Como medida emergencial, vamos colocar um contador industrial lá no Paulo Souto", afirmou. Ainda segundo Maia, após a reforma, os boxes terão cada um o seu contador. A Coelba informou que não tem responsabilidade sobre como a forma da energia é distribuida nos mercados, apenas pelo fornecimento. Explicou que, para resolver a situação, a prefeitura tem de apresentar um projeto de distribuição da eletricidade que passará pelo crivo dos engenheiros da empresa.

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