A garota de 12 anos que teve um bebê do próprio pai, um homem de 33 anos, foi ouvida nesta segunda-feira, 14, no Ministério Público Estadual (MPE) de Itabela (641 km de Salvador), extremo sul do Estado. A menina apareceu após levar quase dez dias sumida, juntamente com dois irmãos de 6 e 11 anos. Ela e os irmãos foram localizados em Águas Formosas (MG) há 12 dias, quando o bebê nasceu em um hospital da cidade mineira. O pai da jovem teve a prisão preventiva decretada pela Vara da Infância e Juventude local e está foragido.
Quando os abusos começaram, há um ano, a família da garota morava em Prado (796 km de Salvador, extremo sul baiano). Foi lá que a mãe da jovem, uma empregada doméstica de 27 anos, deu queixa à polícia contra o marido, que havia fugido com as crianças. “Ele viajava de carro com a menina para vender peixe e nos hotéis onde ficava hospedado fazia os estupros”, contou o promotor Bruno Gontijo Teixeira, que ouviu também a mãe da garota e os irmãos. A mãe e as crianças estão tendo acompanhamento de uma psicóloga e de uma assistente social do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) de Itabela, para onde a mãe se mudou logo após o sumiço dos filhos.
Pena - O promotor Bruno Gontijo Teixeira informou que o acusado cometeu os crimes de estupro e violência presumida de forma continuada e pode pegar de 15 a 20 anos de prisão. Nos últimos três meses, a adolescente e os irmãos viveram sozinhos em uma casa alugada em Águas Formosas, com R$ 250 enviados pelo pai que trabalhava em uma fazenda próxima. A menina, mesmo grávida, cuidava da casa. Por medo, ela só revelou o fato aos vizinhos no dia que ganhou o bebê. Os vizinhos entraram em contato com o Conselho Tutelar (CT) de Águas Formosas que acionou o CT de Itabela.
A mãe da adolescente disse que o ex-marido fugiu no dia em que sairia o resultado do teste de gravidez da menina. “Eu desconfiava do fato porque ele era muito ciumento com ela e a levava para tudo quanto é lugar, só que não tinha provas do que ocorria”, contou a mãe, que teve depressão depois do sumiço dos filhos e de descobrir que filha estava grávida do marido. “Por mim, eu dava essa criança para adoção”, disse a mulher. O promotor Bruno Gontijo, no entanto, disse que o que deverá prevalecer é a vontade da adolescente que, segundo ele, deseja ficar com a criança. A menina não quis falar com a reportagem.