Pouco mais de mil trabalhadores das obras do programa federal de habitação popular, Minha Casa Minha Vida, em Eunápolis, a 643 km de Salvador, no extremo sul da Bahia, paralisaram as atividades na manhã desta segunda-feira, 23. A decisão foi tomada após assembleia realizada na entrada do canteiro de obras, no bairro Itapoam, periferia da cidade.
Depois da reunião, os trabalhadores decidiram ir embora, com previsão de retorno somente quando a Construtora Sertenge S/A partir para negociação das reivindicações. Iniciadas em janeiro deste ano, as obras das 1.500 casas estão avançadas, com 70% concluídas. A previsão de término é para janeiro de 2011, segundo a Sertenge.
A categoria reivindica a falta de pagamento de horas extras há dois meses; ausência de recebimento de cestas básicas há mais de sete meses; má qualidade na alimentação e água servidas; Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), que não estaria sendo depositado, apesar de ser recolhido; e também ausência de pagamento do abono familiar, rebaixamentos e desvios de função e falta de pagamento das rescisões de contrato. A Construtora Sertenge, porém, nega a ocorrência dos fatos.
Tenho 81 horas prêmio para receber e até hoje nada. O mesmo está ocorrendo com o cartão de cesta-básica e a própria cesta, reclama o servente Márcio Antônio da Silva. O colega dele, Valdemir de Jesus, 41, diz que sua esposa está internada com problemas de saúde e não tem dinheiro para comprar remédio. Há cinco meses que espero meu salário integral, mas só vem com cortes, declarou, calculando descontos de R$ 15,00 que não teriam justificativa. Outra reclamação é que a Construtora Francisco Santiago, que prestou serviço entre abril e junho deste ano à Sertenje, saiu da obra e não pagou os valores referentes aos da rescisão de contrato.