Todos eles são meus filhos de coração. Tenho muita afinidade com crianças. Eles não sabem dizer o que sentem e eu aprendi a interpretá-los. Tem muita mãe que não tem essa sensibilidade, conta a freira Teresa de Biasi, conhecida como Irmã Teresinha, de 65 anos, que há 13 anos fundou um centro de recuperação de crianças desnutridas, em Eunápolis, no extremo sul do Estado, a 644 quilômetros de Salvador.
Vocação Natural de Tapejará, no Rio Grande do Sul (RS), a Irmã Teresinha ingressou na vida religiosa com 21 anos de idade, mas conta que desde os 16 já havia decidido seguir essa carreira. Com 16 anos, eu já sabia o que eu queria, mas meu pai disse que ainda era cedo para eu escolher, me fez esperar até os 21 anos. Sempre quis ser enfermeira, mas eu queria ser como as irmãs: trabalhar rezando, contou.
Em 1981, a irmã Teresinha começou a trabalhar como enfermeira nos postos de saúde de Eunápolis, a 640 km de Salvador; sua preferência era o atendimento de crianças e, depois de presenciar a morte de várias por desnutrição, resolveu que teria que ajudar de alguma forma. Na agüentava ver aquelas crianças morrendo desnutridas. Secas, revelou com os olhos tristes.
No início, ela ingressou como voluntária na Pastoral da Criança, que estava começando a desenvolver trabalhos na região, mas irmã Teresinha avaliou que era necessário a criação de um lar, onde as crianças pudessem receber os cuidados necessários durante a recuperação. Muitas mãe não tomavam os cuidados devidos, as crianças precisavam de atenção e cuidados constantes, resolvemos alugar uma casa, relata.
A primeira casa, alugada com o apoio da comunidade e da comunidade da Ilha de Malta (Mar Mediterrâneo), atendeu, inicialmente 11 crianças. Hoje, o Centro de Recuperação de Desnutridos SOS Vida, atende uma média de 130 crianças em regime de internato por ano. Mais de 1,6 mil crianças que já passaram pelos cuidados de irmã Teresinha nos 13 anos de existência do SOS Vida, que tem como principal filosofia: Uma gota de amor também cura.