Inscritas em iniciativa do escritório da ONU têm melhores taxas na área da infância
Seca, fome e altas taxas de analfabetismo. Esses são só alguns dos graves problemas que afetam o semiárido baiano, região menos desenvolvida do Estado. No entanto, de acordo com dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em 33 municípios do semiárido da Bahia, a mortalidade infantil apresentou uma redução de 18,02%.
Os números foram apresentados nos municípios certificados pela edição 2009-2012 do Selo Unicef Município Aprovado, que destaca as cidades que alcançaram os maiores avanços na garantia dos direitos da criança e do adolescente. Ao todo, 204 municípios do semiárido baiano participaram da iniciativa, lançada em 1999, no Ceará. Atualmente, abrange 2.200 cidades em 19 estados brasileiros.
Nos municípios baianos que se inscreveram no programa, mas que não obtiveram a certificação, a queda foi de 11,09%, número acentuadamente maior que nas demais cidades, as quais apresentaram redução de 0,34%.
Parcerias - De acordo com o representante do Unicef no Brasil, Gary Stahl, o resultado se deve, principalmente, à parceria firmada entre a instituição, os gestores dos municípios e a população. "Os gestores se inscrevem e, após a análise de números referentes àquela região, o Unicef identifica qual a situação do local e, assim, elabora uma estratégia para amenizá-lo. A população tem uma atuação importante, pois é ela quem conhece melhor os problemas da cidade", explica.
Para Gary, reverter a situação da região é um grande desafio para o Unicef, pois os projetos esbarram em outros problemas graves, como a seca. "A falta de água é uma grande barreira para nossa atuação", afirma [leia entrevista ao lado].
Índices - Os números são animadores, não apenas no que se refere à mortalidade infantil. O acesso ao pré-natal, de acordo com dados do Unicef, aumentou em 25,33% entre os municípios inscritos. Na educação, os dados também apontam uma melhora significante: de 2009 a 2011, a taxa de abandono escolar no ensino fundamental das cidades participantes caiu de 8,68% para 5,28%. Nos municípios certificados, a queda foi de 45,82%.
A distorção idade-série, que mede a adequação entre a idade do aluno e a série na qual está matriculado, caiu em 15%. Na opinião do integrante do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (Ceca), Edmundo Krogger, a iniciativa é válida, porém é preciso torná-la universal. "As cidades que conseguiram chegar a essa meta provaram que é possível fazer. Mas, na minha opinião, é preciso que esses indicadores em todas as cidades apresentem números positivos, independentemente de programas como esse", aponta Krogger.