Greve da Polícia Militar foi um dos fatos mais marcantes do ano
Greves, violência, conquistas e tragédias. Vários foram os fatos que ocorreram em 2012 e que ficarão marcados na memória dos baianos. No início do ano tido como o último da humanidade, como apontava o calendário maia, a Bahia acompanhou a paralisação de policiais militares, que durou 12 dias, provocou uma onda de violência e pânico no Estado. Foram registrados 180 homicídios na capital baiana durante a paralisação e ao menos dois mil homens das Forças Armadas foram convocados à Bahia para reforçar a segurança.
Dois meses após a paralisação da polícia, professores da rede estadual também decidiram cruzar os braços e mais de 2 milhões de alunos ficaram sem aula e tiveram atraso no calendário escolar por conta da mais longa greve da história do Estado, que durou 115 dias. Mesmo com a paralisação, que afetou sobretudo os alunos do 3º ano, a Universidade Federal da Bahia (Ufba), que em 2012 passou a utilizar as notas do Enem no processo seletivo, não alterou a data das provas. Em Feira de Santana, o Colégio Helyos entrou mais uma vez na lista do Enem como a melhor instituição de ensino entre públicas e privadas da Bahia.
Com um período de duração inferior ao do movimento dos professores do estado, mas que também causou atraso no calendário do ano letivo, a greve dos professores federais, que durou 97 dias e atingiu cerca de 40 mil estudantes em todo o Estado, também foi destaque. No ano das paralisações, servidores, bancários e funcionários dos correios também cruzaram os braços. A paralisação dos rodoviários durou três dias. O movimento reivindicava, entre outros pontos, o aumento nos salários. O reajuste pesou no bolso do consumidor, que viu a tarifa convencional de ônibus de Salvador passar de R$ 2,50 para R$ 2,80, em 4 de junho.
Em 2012, os baianos acompanharam casos que chamaram a atenção, como o que envolveu músicos da banda de pagode baiana New Hit, acusados de estupro a duas adolescentes, o episódio das crianças de Monte Santo, envolvidas em um processo de adoção por famílias paulistas, tido como irregular, e o caso do homem que tinha obesidade mórbida, com 220kg, que morreu no Hospital Geral Roberto Santos (HGRS) dias depois de ser retirado de casa por um guincho. O ano também trouxe notícias não tão boas, como o resultado de uma pesquisa, em janeiro, que indicou Salvador como a 22ª cidade mais violenta do mundo. O ano também foi marcado pelo alto índice de assaltos a bancos no interior da Estado, que pôde ser comprovado em números: segundo o Sindicato dos Bancários da Bahia, o índice deste tipo de crime foi 51% superior ao verificado no ano de 2011.
Centenários - O ano também foi marcado pelo centenário do Mercado Modelo, símbolo cultural de Salvador, do escritor Jorge Amado, e do Jornal A TARDE, o diário mais antigo em circulação na Bahia e o 25º do país a chegar aos 100 anos. No interior do estado, preocupação: a seca deixou, em novembro, cerca de 259 municípios em situação de emergência, afetando mais de 2,7 milhões de pessoas. Para algumas localidades, a estiagem foi a mais longa em 40 anos e a tradicional festa de São João teve de ser cancelada. A situação fez o governo federal prorrogar, em novembro, o pagamento do Bolsa Estiagem às famílias afetadas pela seca na Região Nordeste.
A baixa umidade do ar provocada pela seca também provocou vários incêndios no interior, como o que atingiu a Serra da Bandeira, em Barreiras, o da Serra do Mimo e o que devastou cerca de seis mil hectares (60 quilômetros quadrados) de área nos municípios de Andaraí, Mucugê e Itaetê, próximo ao Parque Nacional da Chapada Diamantina (PNCD), em novembro. Além disso, a dengue também foi motivo de preocupação para muitos municípios baianos. Somente no Estado, 21 cidades foram apontadas em situação de riscos, conforme o Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes Aegypti (Liraa), divulgado em novembro, e Itabuna foi a cidade que apresentou o maior risco de um surto de dengue no País.
Em 2012, a Bahia ganhou o maior complexo eólico da América Latina, inaugurado no sertão baiano, em Caetité (757 km de Salvador), o que distingue o Estado como o maior polo brasileiro em energia renovável. Além disso, a Ford apresentou o novo Ecosport produzido em território baiano, desenvolvido no Centro de Design, em Camaçari, e a JAC Motors anunciou que a inauguração da nova fábrica da montadora, que está sendo erguida na Bahia, deve ser inaugurada em 2014.
Manifestações - Uma manifestação em especial obteve destaque no início do ano na Bahia, o chamado movimento social Desocupa, organizado via redes sociais para protestar contra a privatização dos espaços públicos da capital baiana. Uma das principais reivindicações era a desocupação da Praça de Ondina que, três meses após ser inaugurada, foi cercada de tapumes, para instalação do Camarote Salvador, que impediam o acesso dos usuários. A manifestação chegou a ser proibida por uma decisão judicial, sob pena de multa de R$ 5 mil aos líderes do movimento.
Em agosto, outras manifestações que tiveram destaque foram a dos moradores do município de Lamarão (151 km de Salvador), que fecharam a BR-116 Norte (entre os municípios de Santa Bárbara e Serrinha), por quatro horas, para cobrar melhorias na estrada que liga o município à rodovia; a dos cerca de 2500 produtores rurais que ocuparam o Aeroporto de Ilhéus para protestar contra as invasões de propriedades rurais; e a dos caminhoneiros, em julho, que protestaram, durante três dias, por melhores condições de trabalho, na BR-242 e BR-020.
A Bahia legalizou, em outubro, o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, se tornando um dos primeiros a adotar a medida, e os baianos acompanharam o processo de privatização dos cartórios extrajudiciais, a intervenção, em setembro, do governo estadual na TWB, empresa que administrava o ferryboat, por conta de problemas de gestão, e a decisão do governador Jaques Wagner por deixar a Bahia fora do horário de verão, com base em uma pesquisa realizada junto à população do Estado.
No ano que está prestes a acabar, os baianos tiveram, também, de lidar com as perdas, como a morte do presidente do Sindicato dos Médicos da Bahia, José Caires Meira (em janeiro); da ex-presidente do Grupo A TARDE, Regina Helena Simões de Mello Leitão (em maio), considerada a primeira-dama do jornalismo baiano; da juíza perpétua da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, Estelita de Souza Santana, conhecida como Dona Ester (em agosto); e da matriarca da família Velloso, Dona Canô, símbolo marcante de Santo Amaro da Purificação, em dezembro.