De acordo com levantamento feito pelo Conselho Municipal do Idoso, de Feira de Santana, (a 108 km de
Levantamento feito pelo Conselho Municipal do Idoso, em Feira de Santana (a 108 km de Salvador), revela que, em 2012, foram notificados 271 casos de violência contra pessoas idosas. Em comparação com 2011, quando foram registrados 215 casos, houve um aumento de 26%.
Para a presidente do órgão, Cacilda da Silva, os números são preocupantes e a sociedade precisa fazer uma reflexão. "Além da agressão física, as pessoas com idade avançada são vítimas de vários tipos de violência, desde a sexual à psicológica", atesta.
Como exemplo, cita dois episódios de 21 de janeiro passado que chamaram a atenção da comunidade e de órgãos de defesa do idoso. O primeiro foi o caso do comerciante Celso Oliveira, 68, do distrito feirense de Ipuaçu. Ele procurou o Conselho do Idoso para relatar que foi agredido por dois policiais militares.
O segundo diz respeito à declaração do ministro das Finanças do Japão, Taro Aso, que disse que idosos devem ser autorizados a "se apressar e morrer". "Essa declaração é uma violência psicológica e ocorreu em um país com a maior expectativa de vida do mundo - média de 82 anos, segundo a ONU - e que paga as suas despesas médicas. O que dizer de Feira de Santana, onde a saúde é precária e, em 2012, foram registrados 42 casos dessa natureza?", questiona Cacilda.
Para a presidente Conselho Municipal do Idoso, a violência contra idosos é construída por diversos fatores. Entre eles, a saúde precária, as dificuldades financeiras, de moradia e de transportes. "Há situações em que condutores de ônibus, por exemplo, não param para idosos nos pontos, mesmo que eles mostrem o dinheiro da passagem e que viajarem de graça seja um direito constituído", frisa.
Negligência e abandono - A população de pessoas com idade acima de 60 anos em Feira de Santana é de 48.365 (IBGE/2010) indivíduos. E a maioria dos casos de violência registrados em 2012 foi contra aqueles que estão na faixa de 71 a 80 anos.
A negligência - recusa ou a omissão de tratamentos necessários ao idoso - encabeça a lista de agressões. "Este ano, já foram registrados 67 casos, a maioria praticada pelos próprios familiares", destaca Cacilda da Silva.
Para ela, a violência contra uma pessoa idosa se constitui uma violação dos direitos humanos e requer ações estratégicas por parte do poder público e da sociedade civil. "Estão faltando políticas públicas para proteger as pessoas de maior idade. É preciso resgatar e garantir a dignidade desse segmento", diz.
Quanto à dignidade, o abandono - ausência ou deserção dos responsáveis governamentais, institucionais ou familiares de prestarem socorro a uma pessoa idosa que necessite de proteção - , aparece no mapa do conselho com 33 casos em 2012.
No Lar do Irmão Velho, na Rua São Francisco de Assis, bairro Santa Mônica, por exemplo, 50% dos internos foram totalmente abandonados pelos parentes. Fundado há 50 anos, o local abriga 75 pessoas atualmente.
"Quando são trazidos para cá, é feito um cadastro com dados dos responsáveis. Após um período de abandono, a gente os procura, mas ou o telefone não existe mais ou mudaram de endereço", afirma o presidente Pedro Carvalho.
"Aqui existegente esquecida há mais de 15 anos. Há pessoas que não têm sequer documento, que foram encontradas nas ruas e trazidas para cá. E há vários casos de sepultados como indigente devido a esse total abandono", lamenta.
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