Em dias de chuva, o Hospital Clériston Andrade sofre com alagamentos, entre outros problemas
O relatório de auditoria e inspeção realizados pelo Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE) mostra que o Hospital Regional Clériston Andrade (HRCA), em Feira de Santana (a 108 km de Salvador), está em situação precária, sem condições de funcionamento.
De acordo com os auditores do TCE, que realizaram visita à unidade entre 3 de setembro e 6 de novembro de 2012, "a unidade está totalmente degradada, apresentando paredes rachadas, telhado comprometido, infiltrações e alagamentos, instalações elétricas e hidráulicas danificadas", dentre outros aspectos.
O hospital, aponta o TCE, funciona há oito anos sem alvará sanitário, em virtude dos problemas de infraestrutura e higiene. Além disso, uma unidade de pacientes de longa permanência está interditada, por problemas detectados pela Vigilância Sanitária em 2010.
O relatório foi apresentado no plenário do TCE na última quinta-feira, quando foi dado prazo de 30 dias para que a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) apresentasse explicação conclusiva sobre a morte da empregada doméstica Alzira Ribeiro, no dia 26 de outubro deste ano.
Como noticiou nesta sexta-feira, 13, A TARDE, a paciente estava ligada a aparelhos na semi-UTI, chamada Sala Vermelha, quando houve um apagão. A sala não estava ligada aos geradores de energia, e a paciente morreu, após os aparelhos desligarem.
O relator do processo de auditoria e inspeção, o conselheiro Pedro Lino, sugeriu que fosse dado prazo de 90 dias para que a Sesab apresentasse um plano de reestruturação do hospital. A proposta não foi acatada durante a sessão realizada na quinta-feira.
Nova inspeção
Como o processo levou mais de um ano para ir a plenário, uma equipe de auditores retornou ao Clériston Andrade nos dia 4 e 5 deste mês.
"A situação é a mesma. Nada de novo foi feito para modificá-la, somente a mudança da sala da diretoria geral para próximo do centro cirúrgico", disse Fred Santana Sampaio, analista de controle externo do TCE.
Sampaio disse que o hospital já tinha também ligação das dependências da semi-UTI com os geradores. "Mas o chefe da manutenção não garantiu que tudo estivesse funcionando. Eles farão uma parada no dia 17 (terça-feira) para verificar se o sistema está interligado".
Sindicância
O diretor do HRCA, José Carlos Pitangueira, informou que ainda não havia recebido notificação do TCE. "Não fomos comunicados oficialmente. Vamos aguardar", disse Pitangueira.
Pitangueiras disse que o órgão possui quatro geradores e sete transformadores, com capacidade de suportar até 12 horas de apagão. "Se hoje acontecesse outro apagão, todo o hospital estaria bem alimentado, como ocorreu na época (da morte de Alzira)", disse o diretor.
Luiz Alberto da Costa, presidente da comissão de sindicância instaurada para apurar se houve falha de equipamentos durante o apagão, disse que não há indícios de que o incidente tenha relação com a morte da paciente.
"O quadro clínico da paciente era grave. Será que se não houvesse o apagão ela sobreviveria?", questionou.