Para suportar as dores, diarista precisa tomar morfina
Com suspeita de tumores no pâncreas, a diarista Márcia dos Santos, de 42 anos, vive uma verdadeira via crucis para conseguir fazer um exame que confirmará ou não o diagnóstico.
A diarista aguarda há três meses a marcação de uma ultrassonografia endoscópica, mesmo tendo em mãos uma decisão judicial que obriga o Estado a providenciar o procedimento no prazo de 72 horas.
"Até agora eles ficam no jogo de empurra-empurra, vamos na secretária de saúde do município (Feira de Santana) e eles mandam a gente ir na 2ª Dires, mas lá a funcionária diz que não consegue falar com a Sesab. Enquanto isto, fico nesta luta com fortes dores e sem poder fazer nada", disse ela.
A luta de Márcia teve início em março do ano passado quando, sentindo fortes dores, procurou um médico que suspeitou de tumores no pâncreas.
Após exames que não serviram para confirmar a suspeita, o profissional solicitou, em julho, que ela fizesse a ultrassonografia endoscópica. O exame não é oferecido em Feira de Santana, e a família não tem condições financeiras de arcar com os custos na rede particular.
"O exame custa R$ 3.250, mais R$ 300 de uma consulta que o médico exige antes do realizar o procedimento. Não tenho como arcar com isto, vivo da ajuda de familiares e amigos", afirma.
Cansada de esperar, a diarista entrou com uma ação na Justiça e o juiz da 2ª Vara da Fazenda Pública, Gustavo Hungria, determinou que o exame fosse realizado no prazo de 72 horas pelo Estado, sob multa de R$ 5.000. A decisão foi datada de 23 de outubro de 2014 e, até o monmento, o exame não foi realizado.
"Até agora não marcaram nem deram satisfação. O pior é ver a minha irmã sofrendo, piorando a cada dia. Ela só consegue levantar porque usa morfina para aliviar as dores", contou Edson dos Santos, irmão da diarista.
Morando em um imóvel que divide com familiares, Márcia reclama que está prejudicada com a demora, uma vez que as dores a impedem de trabalhar e ela não recebe nenhum benefício por parte do INSS.
"O médico me falou que não posso entrar com pedido de auxílio-doença, pois não tenho um diagnóstico confirmado, por isto ele não pode me fornecer o relatório para que eu possa dar entrada no INSS. Preciso de uma solução, pois até o meu tratamento está parado porque não sabemos realmente o que tenho", desabafou.
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesab) informou que a liminar foi atendida com a marcação de avaliação no dia 28 de novembro, no Hospital Geral Roberto Santos, em Salvador, com o Dr. Marcos Clarêncio, coordenador do serviço, por se tratar de um procedimento invasivo, que necessita de sedação. Como se trata de paciente de outro município, todo o contato referente à marcação foi entre a assessoria técnica da Sesab junto à Secretaria Municipal de Saúde de Feira de Santana (SMS), através de e-mail e telefone, para a liberação do Transporte Fora do Domicílio (TFD) intermunicipal, de responsabilidade do município de origem da paciente.
A nota diz ainda que a paciente não compareceu na data marcada e a SMS de Feira de Santana não voltou a manter contato com a Sesab. E finaliza dizendo que a assessoria técnica da Sesab já entrou em contato com o Hospital Geral Roberto Santos, que marcou o atendimento para o dia 21 de janeiro, pela manhã.