Agentes do município fazem escolta de veículo escolar
Além da violência cotidiana, a população de Feira de Santana (cidade a 109 km de Salvador) se vê agora às voltas com um tipo de crime que inquieta sobretudo moradores da zona rural: os assaltos a transportes escolares. Este ano, já foram registrados cinco roubos do tipo.
Na segunda-feira, 23, ocorreu mais um, desta vez no distrito de Jaguara, a 17 km da sede municipal. Outros casos também ocorreram no ano passado, como no distrito de Maria Quitéria, a 10 km de Feira. Ali, quatro assaltantes ordenaram que o motorista parasse e, sob ameaça, levaram dos estudantes relógios, dinheiro e até pares de tênis. "Eles pediram dinheiro, os estudantes não tinham muito e o que conseguiram foi apenas R$ 4. E ainda levaram alguns tênis dos meninos. Foi um susto", contou uma moradora que presenciou a chegada das vítimas ao distrito.
Van
Em outro caso, bandidos pararam uma van com cerca de dez professores e levaram celulares e dinheiro. "Eles foram bastante violentos. Fizemos um boletim de ocorrência e os servidores estão assustados. Eles tiraram fotos das vítimas e ameaçaram, caso denunciassem o fato", informou Marcos Rosa, do setor jurídico da Secretaria Municipal de Educação.
Ainda segundo o servidor, algumas medidas para tentar garantir a segurança estão sendo adotadas. Um ofício ficou de ser encaminhado ao comando da Polícia Militar em Feira de Santana, com pedido de reforço policial nos distritos.
Prefeitura critica
Em nota, a prefeitura critica as polícias Militar e Civil. Segundo o órgão, as corporações têm conhecimento da situação e, embora haja dezenas de vítimas, ainda não foi dada ao problema a devida importância. A convicção é que se não houver um combate efetivo, mais ataques ocorrerão.
A administração municipal também cobrou medidas por parte do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB) em Feira de Santana, junto às autoridades policiais, afinal, é a entidade que representa os docentes.
Vítima relata
Ao pedir anonimato, uma professora da rede municipal que trabalha em um dos distritos lembra os momentos de pânico que viveu há alguns meses enquanto estava na mira de armas: "Eles são bastante violentos, fazem ameaças e ficam o tempo todo gritando e com as armas apontadas para nossa cabeça. Estou traumatizada até hoje. Quando estou no transporte e ele diminui a velocidade, já fico atenta, achando que é assalto", observou a professora.
O secretário de prevenção à violência da prefeitura de Feira de Santana, Mauro Moraes, informou que equipes da Guarda Municipal foram orientadas a fazer a escolta dos veículos encarregados deste tipo de transporte para os distritos. Entre os mais problemáticos está o distrito de Jaguara. "Mas estamos também em contato com a Polícia Civil, para que intensifique as investigações e consiga identificar e prender aqueles que estão praticando os delitos", observou o gestor.
Professores
Diretores do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB) em Feira de Santana se reuniram na manhã de desta terça, 24, com o objetivo de elaborar um documento destinado ao Comando de Policiamento Regional Leste.
Esta unidade é responsável pelas ações da Polícia Militar no município. Outros destinatários do documento são o coordenador de Polícia Civil e o prefeito da cidade, José Ronaldo de Carvalho.
"Marcamos uma audiência com o comandante da PM aqui e vamos cobrar uma atitude enérgica de todas as autoridades ligadas à segurança, pois não se pode ficar assim. Caso tenha outro assalto, os professores irão paralisar as atividades até que tenhamos a segurança garantida", frisou o diretor da APLB, Germano Barreto.
Providências
O comandante do policiamento regional, coronel Adelmário Xavier, disse em nota que determinou à Coordenação de Planejamento Operacional que a Operação Anjos da Guarda se estenda às zonas rurais. As ações se basearão no levantamento sobre as ocorrências. Ele disse que os comandantes das Companhias Independentes em Feira de Santana reforçarão o policiamento nos distritos. E pediu o apoio da comunidade através de denúncias ao Centro Integrado de Comunicação (tel. 190) ou Ouvidoria Geral do Estado (tel. 0800-284-0011).
Por sua vez, o delegado André Ribeiro, da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR) em Feira de Santana, informou que tem equipes trabalhando nos locais onde ocorreram os assaltos, na tentativa de identificar e prender os autores dos crimes.