Rebelião começou por volta das 7h30
Duzentos e setenta e cinco internos do pavilhão A, o chamado "pavilhão provisório" do Conjunto Penal de Juazeiro (a 504 km de Salvador), norte do estado, iniciaram um motim, no início da manhã desta quinta-feria, 16, reivindicando agilidade nos processos e transferências para as cidades de origem.
O movimento atraiu familiares dos internos, que se aglomeraram em frente à unidade. Oito presos foram amarrados a colchões, formando uma barreira no meio do pátio do pavilhão. Os outros detentos ameaçaram incendiá-los.
Um dos presos, cujo nome não foi divulgado, ficou ferido, mas sem gravidade, segundo informou o Comando de Policiamento da Região Norte (CPNR).
Por volta das 12h30, os rebelados tiraram as barricadas e entregaram o material utilizado como armamento. Os oito detentos que estavam sob ameaça foram atendidos na enfermaria do presídio.
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De acordo com Ricardo Penalva, diretor adjunto da unidade, por um vão a direção conseguiu negociar com os presidiários. "Não consideramos que houve uma rebelião, mas um movimento reivindicatório. Temos presos sem audiência há mais de dois anos. Eles querem que os processos sejam apreciados, assim com as transferências", informou.
Ainda segundo Penalva, os internos pedem, também, o aumento do tempo da visita íntima e a liberação de alimentos diferentes dos que são servidos no conjunto penal, que eles consideram "ruim".
O diretor adjunto esclareceu que a transferência de presos só deve ocorrer após a autorização da Justiça, e que as outras reivindicações serão avaliadas.
A Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap) informou que o "movimento" no Conjunto Penal de Juazeiro teve como motivação a exigência da ampliação da lista de alimentação fornecida aos detentos.
O processo de negociação com os presos durante a quinta foi feito e o movimento controlado, consta de explicação divulgada pela Seap. Segundo a avaliação final do órgão estadual, não houve feridos nem atos de vandalismo ao patrimônio. As visitas que seriam realizadas nesta quinta foram suspensas.
Ainda de acordo com o informe da Seap, o Conjunto Penal de Juazeiro terá a ocupação ampliada "em breve". Obras na unidade já estão concluídas e está sendo aguardado "apenas o resultado da licitação para ampliação da operacionalização", consta da nota.
Polciamento
Por sua vez, o Comando de Policiamento da Regiao Norte (CPNR) informou que os presos reivindicaram também a saída do diretor, Manoel Thadeu Serafim, a presença do juiz da Vara Criminal e de representantes do órgão de Direitos Humanos. De acordo com o CNPR, dentro do presídio a Rondesp Norte, as Companhias Independentes de Juazeiro, 17ª COORPIN e CIPE-Caatinga reforçaram a segurança.
O presídio é dividido em Ala A e B, onde a capacidade é de 340 detentos, porém há 648, onde 300 estão na Ala A. Durante toda a manhã familiares e amigos se aglomeravam do lado de fora da penitenciária à espera de informações.
Aline Torres, da equipe de reportagem do Blog do Geraldo, site de noticias de Juazeiro, relatou que a equipe flagrou mulheres tentando quebrar o portão de acesso a unidade. "Algumas mães e mulheres passaram mal, e uma delas foi socorrida, mas foi logo no início, pois não sabiam do que se tratava. Havia desespero porque temiam um confronto com a polícia, o que não ocorreu", contou.