Carros de luxo foram apreendidos pelos agentes na operação De Volta para Canaã
A Polícia Federal desarticulou na segunda-feira, 17, um grupo suspeito de manter trabalhadores em regime análogo ao de escravidão na Bahia, Minas Gerais e São Paulo. Quatro pessoas foram presas, uma em Minas Gerais e três em São Paulo. Seus nomes não foram divulgados.
Na Bahia, os criminosos agiam em cinco municípios localizados no Vale São Franciscano: Remanso, Morpará, Barra, Ibotirama e Cotegipe. O prefeito de Barra, localizado a 694 km da capital, Artur Silva (PP), disse que nunca soube da prática no município. A reportagem entrou em contato com os prefeitos das outras cidades, mas não foi atendida.
Na operação, intitulada De Volta para Canaã, os federais apreenderam uma caminhonete Triton L 200, uma Toyota Hilux, um carro Mercedes-Benz e R$ 7 mil. Além disso, seis fazendas foram bloqueadas, conforme informação da assessoria de comunicação da Polícia Federal.
Ao todo, 129 mandados judiciais devem ser cumpridos pelos agentes, sendo seis de prisão temporária, seis mandados de busca e apreensão, 47 de condução coercitiva e 70 de sequestro de bens. Canaã é a 'terra prometida' por Deus ao profeta Moisés, segundo referências bíblicas.
Minas
Diferentemente do que foi divulgado pela assessoria de comunicação da PF ao jornal A TARDE, sites de notícias de Minas Gerais dão conta de que seis prisões foram realizadas em Minas Gerais e na Bahia. Um dos presos, na cidade de Pouso Alegre, em Minas Gerais, é apontado como um dos principais líderes da organização.
Conforme noticiário local, foram bloqueados 39 imóveis rurais, além de contas físicas e jurídicas. Documentos e computadores também foram apreendidos. De acordo com a PF, os líderes da seita convenciam os fiéis a doarem o que tinham para conviver em um espaço onde "tudo é de todos" e eram forçados a trabalhar sem receber pagamento. Os pastores, no entanto, circulavam em carros luxuosos.
A operação se baseou em depoimentos de pessoas que trabalharam nas fazendas. A investigação começou em 2011 e culminou na deflagração da operação em 2013. "Na primeira fase da operação, em 2013, buscamos ingressar na estrutura da seita e descobrir seu modus operandi. Hoje, temos o panorama completo, sabemos que eles usam laranjas para movimentar valores", diz o delegado da PF em Varginha, em Minas Gerais, João Carlos Girotto.
Método
Segundo o delegado, os pastores fazem um "convencimento psicológico". Inicialmente, conta ele, pedem que os bens sejam vendidos e os deslocam para isolamento em uma fazenda. Depois, transferem para locais onde cada um possa exercer sua habilidade sem remuneração. "Se a pessoa já trabalhou com combustível, é colocado como frentista em um posto da seita, por exemplo", detalha o delegado.