Toda a frota foi recolhida às garagens desde domingo
No terceiro dia sem circulação de ônibus em Feira de Santana, a prefeitura divulgou no final da tarde desta terça-feira, 18, a assinatura de contrato emergencial de 180 dias que antecipa a entrada em operação das duas empresas vencedoras de uma controvertida licitação. Contudo, o início do serviço está previsto para o dia 26.
Até lá, os quase 300 mil usuários do sistema continuarão a ter como alternativa os táxis, mototáxis, vans e outros meios que não os ônibus convencionais. Virão de São Paulo os veículos que substituirão os das empresas Princesinha e 18 de Setembro (que operavam emergencialmente e, no domingo, decidiram sair do circuito após a divulgação do resultado da licitação, sexta-feira passada).
As vencedoras são a Auto Ônibus São João Ltda. e a Empresa de Ônibus Rosa Ltda., que inicialmente deslocarão da frota de São Paulo pouco mais de cem coletivos. O contrato de concessão prevê a operação de 270 ônibus novos na segunda maior cidade baiana, distante 109 km de Salvador e com pouco mais de 600 mil habitantes. As vencedoras da licitação têm um prazo legal de até seis meses para entrar em operação.
Paliativo
Terminais de transbordo vazios e muita reclamação. Este cenário se repetiu nesta terça na cidade. Foram disponibilizados 106 vans do transporte complementar e cerca de 500 mototáxis regularizados. "Hoje conseguimos mais 76 vans que fazem o transporte intermunicipal e que já estão operando na cidade. Tudo isso para tentar amenizar os prejuízos da população que vem sofrendo desde domingo com a falta de coletivos", frisou o secretário de Transportes e Trânsito, Ebenezer Tuy.
Mas a população reclama dos valores cobrados por alguns taxistas e mototaxistas, que chegam a R$ 30, dependendo do bairro. Ebenezer Tuy informou que os valores são os tabelados: "Nas vans, o valor é o da passagem do coletivo, R$ 2,75; para mototaxistas, os valores são R$ 5 dentro do anel de contorno e R$ 8 para fora. E os táxis devem utilizar os taxímetros. Caso isso não esteja ocorrendo, é ilegal e deve ser denunciado", disse o gestor.
Os dirigentes das empresas que deixaram o sistema alegam falta de recursos para arcar com gasto de combustível. "Os empresários estavam colocando R$ 500 e 600 do bolso para que os veículos circulassem, o que é um absurdo", disse o advogado Ronaldo Mendes, que representa as empresas.
Divergência
Já a prefeitura não aceita a alegação e diz que a retirada dos ônibus foi proposital, uma vez que as empresas não aceitam o resultado da licitação finalizada no dia 14. O procurador-geral do município, Cleudson Almeida, informou que está sendo analisada a possibilidade de uma medida judicial para que o transporte volte a circular, mas não há nada decidido até o momento. "Enquanto isso, as negociações estão ocorrendo. Estamos adotando medidas legais para não deixar a população totalmente sem transporte", disse.
A Princesinha e a 18 de Setembro tentam na Justiça invalidar a licitação, alegando fraude nos balanços patrimoniais apresentados pelas empresas vencedoras do processo.