Vegetação ressecada devido à estiagem favorece os incêndios
Coordenador técnico do estudo pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Flávio Ponzoni diz que o levantamento é realizado por imagens via satélite, com uma resolução de imagens de 30 metros de distância do alvo, em perímetro de até três hectares.
"Temos conseguido, nos últimos 29 anos, fazer um levantamento histórico, que nos permite criar um banco de dados no qual é possível acessar informações sobre desmatamento em todos os municípios", disse.
Para mudar o quadro atual, o pesquisador sugere que haja mais investimento na educação da população, uma presença maior do poder público nessas áreas e conscientização dos produtores rurais sobre impactos das atividades no ecossistema.
"Quando se fala em mudança climática, parece ser algo que não nos diz respeito, mas são pequenas ações que fazem diferença no microclima", observa Ponzoni. "No Brasil, há leis ambientais que precisam ser respeitadas e fiscalizadas", concluiu.
Emergência
Na Bahia, 143 municípios decretaram situação de emergência devido à estiagem ou seca, enquanto 51 estão em situação de emergência por conta dos incêndios florestais. Dados são da Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec).
Segundo o coordenador de ações estratégicas do órgão, Paulo Luz, o desmatamento é uma das causas que tem contribuído para o aumento nas temperaturas no estado e, por consequência, tem provocado escassez de chuvas, secas e queimadas.
"A estiagem deixa a vegetação mais seca, o que favorece o aumento de queimadas e a escassez de água. Com isso, podemos ter perdas em safras e na pecuária, podendo causar reflexos no preço dos alimentos e impactos na inflação", explicou.
As previsões climáticas não são nada animadoras, antecipa o coordenador, que alerta sobre chuvas abaixo da média histórica fora do litoral baiano, entre novembro e março. Ele reitera que temperaturas têm chegado a 40 graus no oeste, com umidade relativa do ar em 11%, a mesma do Saara.
"A Bahia também tem sofrido influencia do El Niño, a partir do aquecimento das águas do Oceano Pacífico, que impede frentes frias de chegarem ao Nordeste, provoca ventos fortes que ajudam a propagar o fogo e impedem o controle das queimadas", pontuou.
Projeto Cerrado
A Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) informou, por nota, que serão investidos US$ 4,4 milhões para o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado, que deve beneficiar o oeste baiano.
O plano visa controlar o desmatamento, reduzir a emissão de gases de efeito estufa no cerrado, prevenir incêndios florestais e promover o cadastramento ambiental rural. É uma parceria do Reino Unido, por meio do Banco Mundial, com o governo brasileiro para Bahia e Piauí.
Os municípios beneficiados serão Formosa do Rio Preto, Riachão das Neves, Luís Eduardo Magalhães, São Desidério, Correntina, Barreiras, Jaborandi e Cocos, segundo a nota da Sema.