Ministro corre contra o tempo para saber o que motivou o aumento dos casos de microcefalia
O Ministério da Saúde decretou estado de emergência em todo o Brasil por conta do aumento nos casos de microcefalia. A informação foi passada pelo ministro Marcelo Castro, após reunião com o secretário estadual da Saúde, Fábio Vilas-Boas, em um encontro que reuniu os demais titulares das pastas estaduais do Nordeste, ontem, no CAB. Segundo o ministro, embora haja uma associação do zika vírus com a microcefalia, ainda é cedo para confirmar esta hipótese.
Há ligação do aumento dos casos de microcefalia com o zika vírus no Nordeste?
Há esta hipótese, levantada por alguns pesquisadores, de que esse aumento fosse causado pelo zika vírus, que é transmitido pelo mesmo vetor (mosquito) da dengue. Na literatura internacional, não há experiências que respaldem essa conclusão, de que o zika vírus seja causador da microcefalia, apesar de que os indícios aqui estão bastante fortes. Como os exames que a Fiocruz fez com o líquido amniótico dos fetos das gestantes apresentaram resultados reagentes ao zika vírus, não descartamos essa hipótese. Não estamos ainda afirmando, conclusivamente, que esse surto seja causado pelo zika vírus. Por conta disso, nós estamos tomando todas as providências para combater esse vetor, a fim de evitar um transtorno tão grave como esse da microcefalia.
Quais são as orientações? As mulheres devem evitar a gravidez?
A orientação do ministério é a de que toda gravidez deve ser planejada. As pessoas devem tomar essa decisão com sua família, fazer uma programação e, se possível, consultar o médico. É um momento que toda mulher que quer engravidar deve tomar os cuidados necessários, porque estão aparecendo esses casos de microcefalia, que devem ser levados em consideração.
Qual o prazo que a mulher deve ficar sem engravidar após contrair zika?
A informação que a gente tem é que o zika vírus pode acometer a mulher com microcefalia se o contágio ocorrer durante a gestação, principalmente nos três primeiros meses. Mas é preciso ficar bem claro que falamos de uma probabilidade, pois não há ainda uma conclusão de que o zika vírus causa a microcefalia.
Como o ministério pretende agir para atender às demandas dos secretários de Saúde do Nordeste para conter a doença?
Quando soubemos do aumento de casos de microcefalia, tomamos todas as providências. Primeiro, decretamos emergência em saúde pública, o que só havia ocorrido, antes, em 1917, na entrada da gripe espanhola no Brasil. Criamos um centro de operações de emergência em saúde. Todas as terças-feiras, o ministério emite um boletim informando sobre o acompanhamento dos casos de microcefalia. Criamos um grupo de ação que engloba 17 ministérios, pois as ações têm de envolver todas as pastas, a União, os estados, os municípios e, principalmente, a sociedade. Se a comunidade não se mobilizar para enfrentar o vetor, que transmite doenças que matam, o quadro só pode se agravar. É uma questão que está no Nordeste, mas pode se estender para os demais estados e até outros países. Precisamos fazer uma campanha para combater o Aedes aegypti, que transmite a dengue, a zika e a chikungunya.
Onde se aplica o estado de emergência?
No país inteiro. Primeiro, estamos na luta pelo diagnóstico. Precisamos ter segurança para dizer, de maneira definitiva, se o aumento dos casos de microcefalia têm a ver com o zika vírus.
Esse diagnóstico sairá em quanto tempo?
Se houver mais casos relacionados de líquido amniótico com reagente de zika vírus, essa hipótese vai se confirmando cada vez mais. Vai chegar uma hora que os cientistas dirão que essa será a causa da doença.