Sala de perícia médica no posto do Comércio estava esvaziada terça-feira passada
A diretora da secção regional da ANMP, Edriene Teixeira, frisa que, embora os médicos retornem ao trabalho neste sábado, 22, será mantido o estado de greve. Isso porque, ela diz, o INSS decidiu cortar os salários dos profissionais desde o início do movimento paredista, a partir de setembro.
Já o INSS alega que os descontos dos dias não trabalhados passou a vigorar desde 26 de novembro passado, quando o Superior Tribunal de Justiça declarou a greve como ilegítima. O órgão frisou que os servidores afastados do trabalho cometiam falta não justificada, o que foi negado pela ANMP.
Apesar do retorno, frisa Edriene, os peritos priorizarão o atendimento às primeiras perícias, para aliviar o sufoco da população. "Vamos retornar em estado de greve, porque a população precisa. Ainda assim, vamos fazer somente as primeiras perícias, com atenção aos casos graves", disse.
Por sua vez, o INSS assegurou, por meio de comunicado à imprensa, que, "ao contrário do que diz a associação, a regra de priorização do atendimento é definida pelo próprio instituto e está estabelecida nos seus normativos".
De acordo com a diretora, há casos de beneficiários do INSS que não conseguem atendimento desde maio do ano passado, uma vez que, antes da greve dos peritos, houve a dos servidores. "A greve não acabou, porque não houve acordo para a não suspensão do salário", reiterou Edriene.
Entre as reivindicações dos peritos, estavam itens como a reestruturação da carreira, como a regulamentação da jornada semanal de 30 horas, melhorias na segurança e saúde ocupacional, além de um reajuste salarial de 27,3%.
Regularização
Por meio de comunicado, o INSS salientou que o retorno dos peritos ao trabalho permitirá ao órgão atuar para a regularização do atendimento. Conforme o texto, muitos servidores já retomaram as atividades, e o atendimento pericial já vem sendo realizado normalmente.
Conforme a comunicado, os esforços empreendidos pelo Ministério do Planejamento para findar a greve na mesa de negociação não foram bem-sucedidos devido às recusas das propostas do governo e à "intransigência da associação dos médicos peritos".
O principal ponto de discordância, prossegue o texto, foi a exigência da redução da jornada de 40 para 30 horas semanais, sem a correspondente redução da remuneração.
O comunicado diz que o governo já estuda implantar a jornada de 30 horas, mas dentro do contexto de reestruturação da carreira.
Segundo o comunicado, o INSS conta com 4.330 peritos médicos, no Brasil, cujo salário inicial para uma jornada de 40 horas é de R$ 11.383,54, valor que pode chegar a R$ 16.222,88.
O texto ressalta que foi oferecido o mesmo reajuste (10,8% parcelado em duas vezes) apresentado às demais categorias com acordos firmados em 2015.