Tiago foi preso em Brumado e depois enviado ao Rio
Tiago Zanfolin Santos Silva, de 26 anos, foi preso na manhã desta quarta-feira, 16, no município de Brumado - localizado a 652 km de Salvador. Ele foi recambiado para o Rio de Janeiro (RJ) à tarde, mas antes negou em seu depoimento ter cometido injúria racial por meio da internet, crime do qual é suspeito de ter praticado, segundo investigadores da Polícia Civil daquele estado.
As investigações coordenadas pela Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) do Rio de Janeiro tiveram início no ano passado, quando as atrizes Taís Araújo, Sheron Menezzes e Cris Vianna e a jornalista Maria Júlia Coutinho foram atacadas, virtualmente, com desrespeito a sua afrodescendência.
Dentro da Operação Cyberstalking, o baiano teve a prisão temporária decretada pela juíza Marta de Oliveira Cianni Marins, da 23ª Vara Criminal da Justiça do Rio de Janeiro, que decretou também outras três prisões temporárias e 11 mandados de busca e apreensão.
Além da Bahia, os mandados foram cumpridos nesta quarta nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais. Os presos podem responder pelos crimes de injúria racial, racismo e associação criminosa.
Depoimento
Na residência do jovem, que trabalha em uma empresa de venda e manutenção de equipamentos de informática de Brumado, os policiais apreenderam uma CPU, um notebook e um celular. O material foi encaminhado para perícia no Departamento de Polícia Técnica do Rio de Janeiro.
Tiago se disse inocente no depoimento prestado para a polícia baiana, representada pelo delegado regional da 20ª Coorpin de Brumado, Leonardo Rabelo, e em entrevistas que deu para veículos de comunicação do sudoeste baiano.
O suspeito afirmou que os ataques pela internet teriam partido de falsos perfis, de dentro de um grupo que ele administrava e que estes grupos tinham apenas a função da troca de conteúdos, sem nenhuma ligação criminosa.
Conforme o depoente, entre 2013 e 2014, ele criou e manteve um grupo, que teria deixado inativo. Entretanto, Tiago afirmou que o grupo foi invadido por hackers e que chegou a registrar um boletim de ocorrência sobre o fato na Polícia Civil, naquela época.
Outros presos
Segundo as investigações da DRCI-RJ, o grupo que fez os ataques raciais é liderado por um adolescente de Sertãozinho (SP), que também foi apreendido nesta quarta. Em Navegantes (SC), foi preso um homem e o outro mandado foi cumprido em São José dos Pinhais (PR), cujo suspeito já está preso desde dezembro de 2015, sob acusação de crimes virtuais.
A quarta prisão ocorreu em Porto Alegre (RS). Com o suspeito, os policiais encontraram material pornográfico, inclusive imagens de crianças de idade estimada entre um e quatro anos.
De acordo com policiais da DRCI-RJ, o grupo suspeito se intitulava 'QLC the Return' e tinha como principal objetivo denegrir a imagem de figuras públicas por meio da internet. Nesta primeira etapa, o alvo foram administradores de grupos. A próxima etapa vai focar nas pessoas que disseminam as mensagens injuriosas.