Sandra Muñoz, Marcha das Vadias: "Já sofremos a violação de gênero. Agora ficamos mais vulneráveis"
A fusão das secretarias de Políticas para Mulheres (SPM) e de Direitos Humanos (SDH) da presidência da República, que tirou o status de ministério das duas pastas federais, é uma das principais críticas feitas por ativistas da causa LGBT à política nacional de proteção de gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros.
Segundo a coordenadora da Marcha das Vadias na Bahia e militante do Movimento de Lésbicas e Bissexuais, Sandra Muñoz, a mudança, promovida pelo governo do presidente interino Michel Temer afeta principalmente as mulheres LGBT.
"Nós já sofremos a violação de gênero, por sermos mulheres, e agora, sem esses dois aparatos, ficamos ainda mais vulneráveis, também por sermos lésbicas, bissexuais ou trans", analisou Sandra, criticando o acúmulo de atribuições do Ministério da Justiça e Cidadania, responsável nacional por todas as pautas sociais.
A extinção do Disque 100, principal canal para denúncia de violação contra a população LGBT, é um dos temores dos ativistas. Para o titular da Coordenação LGBT do governo estadual, Vinicius Alves, o serviço é importante, porque consegue traçar algumas das necessidades desse público.
"Foi, até agora, a melhor forma de termos uma noção de que políticas precisamos construir", explica ele, também criticando a fusão da SPM, da SDH e da Secretaria de Igualdade Racial (Seppir) em um único ministério.
Contatada, a assessoria de comunicação da Secretaria Especial de Direitos Humanos informou, por e-mail, que ainda não possui informações detalhadas sobre o destino das políticas públicas em vigor. "A transição está em curso e tudo isso deve ser definido enquanto ela se concluir", disse o órgão, em breve comunicado enviado à reportagem.