Incêndios também causa problemas respiratórios na região
Os incêndios florestais na zona rural de Barra (a 673 km de Salvador) já devastaram uma área estimada em nove mil hectares de mata nativa de caatinga e cerrado em cerca de 40 dias. Trata-se de remanescentes de árvores de madeira nobre, como jacarandá, aroeira, sucupira e pau-d'arco. Também a fauna foi atingida, com a morte de animais silvestres.
Embora ontem alguns focos estivessem debelados, o trabalho dos bombeiros e brigadistas teve atenção voltada para a região dos Brejões, onde havia a possibilidade de o fogo chegar às lavouras e casas dos moradores, principalmente nas comunidades de Lagoa Preta, Queimadas e Baixão do Descoberto, situadas perto da margem do rio Grande.
"Hoje (ontem), chegaram mais 12 brigadistas voluntários de Seabra, que vão reforçar a equipe que já estava atuando com cerca de 30 homens, entre prepostos do Corpo de Bombeiros, brigadistas do PrevFogo-Ibama e voluntários", afirmou o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Meio Ambiente e Turismo, Joaquim Dantas.
Ele destacou que, embora o município esteja dando apoio logístico com transporte, hospedagem e alimentação das equipes que lutam contra o fogo, além de carros-pipa e tratores para abrir aceiros, até ontem não havia o envolvimento de aeronaves. "O uso de aeronave facilitaria os trabalhos, pois as áreas que ainda estão com incêndios ativos ficam a cerca de 80 km da cidade", afirmou o secretário.
A última chuva registrada no município foi no mês de fevereiro, e as perdas com a produção agropecuária chegam perto de 100%, conforme Dantas.
Embora o município ainda não tenha decretado emergência por causa da estiagem, a administração local está viabilizando a documentação necessária neste sentido. "Os produtores precisam desta ferramenta para ter acesso ao plano Garantia-Safra", enfatizou.
Chuvas
A previsão para o início da temporada de chuvas é o mês de outubro, entretanto, conforme indicações do Instituto Climatempo, existe a possibilidade de chuvas esparsas na região nos próximos dias.
O calor, que hoje deve chegar a 40° C em algumas cidades do oeste da Bahia, os fortes ventos e a baixa umidade do ar - com mínima prevista para hoje de 19% na região do Vale do São Francisco, conforme o Instituto Climatempo - são fatores que facilitam a propagação das chamas e dificultam o combate, ressaltou o secretário municipal Joaquim Dantas.
Saúde
A influência do clima não tem reflexos apenas no ambiente, favorecendo a propagação dos focos de incêndio, já que a vegetação está ressequida neste período. Segundo a médica Mercês Prado, as pessoas devem atentar para os cuidados com a saúde. Ela aconselha manter a hidratação constante do corpo, dieta mais leve e evitar exposição ao sol nas horas mais quentes.
"A maior atenção deve ser dada a crianças, idosos e pessoas que já tenham doenças crônicas, mas todos devem se proteger, para manter a saúde equilibrada", ressaltou. De acordo com a médica, as principais doenças que surgem nesta época de calor e baixa umidade do ar estão relacionadas ao sistema respiratório.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a umidade relativa do ar ideal é em torno de 60%. Abaixo de 30%, como tem ocorrido no oeste baiano, o estado é de "atenção"; entre 12% e 20%, já é "alerta"; e abaixo disso, considerado "estado de emergência".