Mauro Cardim também é Secretário de Planejamento de Lauro de Freitas
O Curador Técnico do Seminário S.O.S. Rio Joanes, Mauro Cardim, revelou à redação de A TARDE a sua preocupação com o desenvolvimento integrado da Região Metropolitana de Salvador (RMS). O evento vai começar no próximo domingo, 1º, e segue até a quarta-feira, 4.
Cardim entende que com o debate de grandes temas e problemas que influenciam uma população que já passou dos quatro milhões de habitantes é absolutamente prioritário. Na entrevista, o curador mostra uma preocupação em buscar o desenvolvimento sustentável integrado da RMS. Confira a entrevista.
Lauro de Freitas vai sediar o Seminário S.O.S. Rio Joanes com qual objetivo?
O Município tem se revelado por investir na importância do debate público dos seus problemas e na busca da troca de experiências com outros municípios da RMS. Os resultados obtidos com o Seminário “Cidades Inteligentes”, que realizamos em 2017, mostraram que é possível debater temas importantes para o presente e o futuro dos Municípios da RMS de forma convergente e eficiente.
Ao sediar o S.O.S. Rio Joanes em nosso município, onde está a foz do Rio, queremos conhecer com toda a profundidade possível os problemas e possibilidades de soluções para a Bacia do Rio Joanes. Trazer especialistas, autoridades, ambientalistas, acadêmicos, empresários, ongs, oscips, institutos de reconhecida experiências, lideranças comunitárias, Ministério Público, imprensa, técnicos, etc., para o debate suprapartidário capaz de produzir não apenas diagnósticos, mas caminhos para a revitalização e o monitoramento do Rio Joanes.
Quando o senhor fala no “debate suprapartidário”, que dizer o que mesmo?
A visão técnica e o debate sobre um rio que está morrendo e que não pode continuar convivendo com as contribuições negativas que recebe desde as suas nascentes, em São Francisco do Conde, passando por Candeias, São Sebastião do Passé, Dias D’Avila, Camaçari, Simões Filho e Lauro de Freitas. Qual o tamanho real do problema de um rio que é responsável por cerca de 40% da água potável consumida pela RMS? A quem interessa à continuidade e ampliação deste quadro?
A ideia da realização do Seminário gerou alguma receptividade dos Municípios da região?
Ótima receptividade, não apenas dos Municípios integrantes da Bacia do Rio Joanes, mas de esferas importantíssimas, como o da Assembleia Legislativa, onde será realizada a cerimônia de abertura oficial, no dia 2 de abril; o apoio da União de Vereadores da Bahia que vai apoiar na mobilização das Câmaras de Vereadores dos Municípios participantes; de Secretários de Governos do Estado e dos Municípios, da imprensa, enfim, parceiros identificados em torno da causa do Rio Joanes e da importância do rio em nossa existência.
É realmente possível "salvar" o Rio Joanes?
Acho, mas é bom entendermos melhor a amplitude deste "salvar" o Rio Joanes. Como já disse, o primeiro passo será reunir estudiosos, técnicos, ambientalistas, detentores de tecnologias capazes de despoluir o Rio Joanes, de forma conjunta e com a presença de vários entes públicos e privados para um amplo debate.
Se não tivermos a coragem, determinação e consciência coletiva capaz proporcionar a despoluir e revitalizar o Rio Joanes, além de entender a importância da economicidade de um "rio vivo", não poderemos falar em crescimento sustentável de nenhum dos municípios que hoje contribuem com a contaminação do Rio Joanes e de toda a RMS.
O Rio Joanes, ao longo do seu curso, corta municípios considerados dentre os mais importantes da Bahia, isto é algo positivo para a busca de soluções para a Bacia do Rio Joanes?
Não é a importância do trajeto de um rio que o torna capaz de receber a atenção das autoridades na sua preservação. É o conteúdo que ele transporta. Água potável é vida, é uma questão de sobrevivência da população, sem falar na cadeia produtiva dos que dependem dele para viver e criar seus filhos. Mas a conscientização da sociedade é fundamental neste processo. Quando a imobilidade reina num ambiente que exige atitude e decisões firmes, a causa já estava perdida antes de pensar nas soluções.
Como Secretário de Planejamento de um município cortado por rios poluídos que também poluem o Rio Joanes aumenta a sua responsabilidade com o crescimento sustentável de Lauro de Freitas?
Grandes problemas, como a preservação das nascentes dos rios, uma política ambiental vigilante, a implantação da matéria educação ambiental no currículo escolar, dentre outros, desafiam gestores públicos municipais e suas equipes de trabalho, independentemente de rios cortarem seus municípios.
O nosso Secretário de Meio-ambiente e Recursos Hídricos vem trabalhando muito para manter uma agenda positiva. Na questão do planejamento sustentável de Lauro de Freitas, uma cidade cortada por rios, passa por muitas outras questões e eixos de desenvolvimento. A história do Rio Joanes e a sua representatividade cultural e social dispensa defesas.
Quais suas metas ao ter aceito a função de Curador Técnico do Seminário S.O.S. Rio Joanes?
Primeiro, ajudar ao máximo para que os convidados do evento atestem que o Seminário não nasceu preocupado com vanguardismo algum, mas será uma demonstração de responsabilidade da gestão Municipal. Mostrar que juntos, os municípios integrantes da Bacia do Rio Joanes, devem empreender todos os esforços no melhor aproveitamento das riquezas geradas pelos nossos rios, tendo como compromissos inicial a mobilização de todos para despoluir o Joanes.
Sempre lembro que já fui taxado de visionário, de apressado, de "atropelador" de processos, enfim. Ocorre é que faço parte de uma geração que quer respostas rápidas da gestão pública e que pode contribuir nas soluções coletivas.
Para encerrar, o que esperar de especial neste Seminário?
A minha expectativa está dirigida não apenas na construção em equipe deste debate, mas na geração da "Carta do Rio Joanes". Um documento que seja capaz de ser um "guardião permanente " da Bacia do Rio Joanes, acompanhado e preservado por cada um de nós. Como Curador Técnico, terei cumprido a minha missão, mas tenho que agradecer antecipadamente à todos os colaboradores envolvidos na construção do evento.