Erundina é uma das associadas da cooperativa Coral, que recicla material descartado
A ideia de organizar uma cooperativa de catadores de lixo reciclável nasceu em 2000, mas o projeto só conseguiu sair do papel em 2001, através de um financiamento, a fundo perdido, de R$ 508 mil pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
“Com essa ajuda fomos avançando. Compramos dois caminhões, as máquinas e construímos nosso galpão na BR-101. O que antes cada um fazia para si, passou a ser feito de forma coletiva”, relatou a presidente da Cooperativa de Catadores e Recicladores de Alagoinhas (Coral), Rosa Queiróz, 53 anos.
A cooperativa cresceu, chegou a reunir 84 associados. Hoje, tem apenas 11 sócios. Cada um recebe de acordo com as horas trabalhadas.
A presidente da cooperativa ressalta que muitos cooperados saíram para trabalhar em outro local com carteira assinada. Outros optaram em seguir catando lixo de forma autônoma, por avaliar que ganham mais dinheiro. Foi o caso do catador Adailton Pereira, que trabalha no aterro sanitário.
“A maioria foi da cooperativa, mas o dinheiro arrecadado não era o suficiente para sustentar a família. Preferimos correr o risco de trabalhar direto no aterro e ganhar mais”, disse Adailton.
Atualmente, cada associado da Coral recebe em média R$ 800 por mês. Os catadores autônomos do aterro sanitário arrecadam o dobro.
Convênio
O diretor municipal do aterro sanitário Jonata Borges informou que desenvolve atividades com a Coral, como palestras, seminários e oficinas. Mas ainda não pode assinar um convênio, pois a cooperativa está com problemas legais junto à Justiça do Trabalho. Informação confirmada pela presidente da cooperativa.
O apoio às cooperativas é uma das cláusulas assinadas pela prefeitura no Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com o Ministério Público, em 2017. “Estamos tentando ajudar no que é possível. Pois esse também seria o caminho para resolver o problema dos catadores que atuam dentro do lixão. Seria uma forma de integrá-los e garantir melhores condições de trabalho e remuneração”, enfatizou Jonatas Borges.
Esperança
Rosa lamenta o momento que a cooperativa está passando. Emociona-se ao dizer que é difícil. “Já pensei em desistir. Mas não posso. Acredito nesse projeto. Vamos buscar resolver essa situação. Estamos negociando”, desabafa com lágrimas nos olhos.
Mesmo diante das dificuldades, a presidente de Coral segue convicta de que o trabalho coletivo é a melhor saída. “Nosso objetivo é avançar na coleta seletiva e mostrar a importância da reciclagem. Não podemos desistir. Tenho fé que dias melhores virão”, concluiu.