Filipe Ribeiro* | Fotos: Raul Spinassé | Ag. A TARDE
Centro de Documentação conserva 107 anos do Grupo A Tarde
Completando 107 anos de trajetória, o Grupo A TARDE carrega consigo uma história rica de pioneirismo, inovação e credibilidade. E o Centro de Documentação (Cedoc) de A TARDE é o responsável por catalogar e arquivar toda a caminhada do veículo até aqui. No Cedoc é possível encontrar a primeira edição física do Jornal A TARDE, de 1912, até a edição de número 36.703 - especial em comemoração aos 107 anos - do periódico na sua versão digitalizada.
São mais de 100 mil documentos, entre texto, fotos e vídeos. Desde 2011 um sistema interno auxilia na digitalização em PDF de todo o material que é catalogado. Porém antes da modernização o trabalho manual era essencial, e com recortes diários do que se tornou um rico acervo físico, até a preservação desse material tem que ser pensada nos mínimos detalhes. É o que conta o auxiliar de arquivo, Rubem de Oliveira Coelho, 54 anos.
“O ambiente com ar-condicionado serve para conservar, principalmente as fotos, em uma certa temperatura. Se deixarmos a sala quente as fotos podem colar, e se elas colarem nós perdemos essas fotos. Então deixamos o ar geralmente em 23º”, explica, ressaltando aos risos que às vezes nem ele e seu colega de setor Valdir Ferreira aguentam o frio da sala.
Auxílio da modernidade facilita a busca pelos fatos ao longo da história
Colaborando para a construção da história do jornalismo na Bahia e no Brasil, o Cedoc é referência para as pesquisas acadêmicas. “Tinha um período que aqui fazia fila de estudantes. Eles vinham aqui de manhã e de tarde para fazer suas pesquisas. Alguns até sem condições de tirar xerox, mas liberávamos as xerox, e também as coleções só para consulta com o maior cuidado”, afirma Rubem. O Cedoc também é base de pesquisas para reportagens e livros.
O especial publicado pelo A TARDE em homenagem a Santa Dulce dos Pobres, o ‘Para Sempre Dulce’, teve como base o vasto acervo do Grupo. No Centro de Documentação há um arquivo com aproximadamente 300 fotografias e outros documentos relacionados a primeira santa brasileira. O acervo de A TARDE também está disponível na Biblioteca Pública do Estado da Bahia.
Curiosidades
Visitas como a da própria Irmã Dulce e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Grupo A TARDE, são fatos memoráveis registrados em fotografias que marcam a recepção de personagens importantes na história do país. Mas o Cedoc também conserva suas curiosidades, como uma matéria, publicada em 2000, que contava a história do ‘morto-vivo’. O caso relata um episódio ocorrido com Marco Santana, um homem em liberdade condicional da prisão, que descobriu estar morto oficialmente desde 1998.
Caso de 2000 ficou famoso entre os funcionários (Foto: Arquivo A TARDE)
A família havia identificado e enterrado o corpo de um outro rapaz como se fosse o dele. Com os documentos retidos na Delegacia de Homicídios, não conseguia comprovar que realmente estava vivo. Só após dois longos anos de briga judicial ele finalmente conseguiu provar que não havia morrido anos atrás. “Esse rapaz vinha sempre aqui atrás da mesma matéria, e a gente sedia a cópia para ele”, relembra Rubem.
De todo os 107 anos, dos dados e registros mais antigos aos mais recentes e modernizados, o Cedoc tem participação direta na construção da história que em 1912 foi iniciado por Ernesto Simões Filho. “Aqui é uma parte do coração da empresa. A maioria dos dados do jornal estão arquivados aqui e são arquivos valorizados. Aqui é uma família, o jornal faz parte da nossa vida, e acreditamos no trabalho que fazemos”, garantiu Rubem, que trabalha em A TARDE há 34 anos.
O acesso para pesquisas no Cedoc deve ser previamente agendado e é pago. Mais informações através do número (71) 3340-8700 ou 3340-8699.
*Sob supervisão da repórter Keyla Pereira