Jane Fernandes | Foto: Adilton Venegeroles | Ag. A TARDE
Apenas em Salvador, 125,8 toneladas de óleo foram removidas | Foto: Adilton Venegeroles | Ag. A TARDE
A destinação final do petróleo removido nas praias do Nordeste desde setembro é uma das questões ainda sem resposta por parte dos órgãos envolvidos. De acordo com balanço da Empresa de Limpeza Urbana (Limpurb), apenas em Salvador, 125,8 toneladas de óleo foram removidas entre os dias 10 de outubro e 4 de novembro.
Especialista em recuperação de áreas impactadas por petróleo e professor da Universidade Federal da Bahia, Ícaro Moreira sugere a aplicação da fitorremediação, uma técnica que utiliza plantas que vão absorver o petróleo. “As raízes entram em contato com o óleo e fazem uma absorção direta do óleo, que é transformado em biomassa de plantas”, detalha.
Na avaliação de Moreira, o simples crescimento da planta já é interessante, por conta da biofixação de gás carbônico (CO2), mas existe ainda a opção de utilização da biomassa como biocombustível.
Moreira explica que embora existam protocolos bem estabelecidos para o reaproveitamento do óleo resultante de vazamentos como combustível de navios, no episódio atual há um complicador. Como o petróleo cru tem sido removido massivamente apenas após chegar às praias, a mistura com areia e algas dificulta bastante esse procedimento.
Ele contraindica a incineração do óleo, por conta da emissão de grande volume de CO2, e acrescenta que é uma alternativa que exige um investimento elevado. “Vai precisar de gente para ir a campo coletar, depois levar para a indústria, depois incinerar e por fim ter de pagar crédito de carbono”, defende.
A favor da fitorremediação, ele aponta ainda que “a biomassa gerada com o uso das plantas serve tanto para queimar e gerar energia, em termoelétricas, por exemplo, quanto para utilização no mercado de créditos de carbono”. Moreira esclarece que as plantas utilizadas podem permanecer na natureza normalmente, exigindo monitoramento de especialistas apenas durante a fase de aplicação, pois é preciso verificar se a técnica está funcionando adequadamente.