Bens de R$ 21 milhões foram apreendidos nesta quarta | Foto: Alberto Maraux | SSP
Movimentações entre contas bancárias que superaram a cifra de R$ 2 bilhões foram o motivo para o início das investigações que culminaram na Operação Grande Família, deflagrada na manhã desta quarta-feira, 16, em Salvador e Santo Antônio de Jesus, interior baiano.
De acordo com Secretaria de Segurança Pública (SSP), os repasses chamaram a atenção da Coordenação Especializada de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro (CECCOR-LD), do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco).
Nesta manhã, segundo a pasta, entre imóveis e automóveis, bens avaliados em R$ 21 milhões foram apreendidos por determinação judicial. Além das transações suspeitas, o grupo é investigado por crimes contra o fisco estadual cometidos desde o ano de 2010.
"Passamos a acompanhar esse grupo a partir do mês de outubro deste ano. Entre 2012 e 2019, através de análise bancária, percebemos as transferências de grandes montantes entre os sócios, que são parentes, indicando a possibilidade de lavagem de dinheiro”, destacou a delegada Larissa Barros, integrante da CECCOR-LD.
Por fim, o diretor da Draco, delegado Marcelo Sansão, ressaltou que as investigações seguiram a fim de solucionar o caso.
“O padrão financeiro apresentado pelo grupo não condiz com o declarado oficialmente. Vamos aprofundar as investigações e, se caso confirmado o crime, indiciar os envolvidos”, finaliza.
Detalhes
Em entrevista, o promotor de Justiça, Hugo Casciano, do Ministério Público da Bahia apresentou os detalhes do esquema de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro investigado.
"Havia aquisição de mercadoria por uma empresa, mas era comercializada por outra. Além disso, se percebeu que haviam transferências bancárias suspeitas para o próprio advogado do grupo e para amigos desse grupo familiar, não havendo motivo plausível outro que não a lavagem de dinheiro".
De acordo com o promotor, milhares de reais em bens foram sequestrados a fim de que o dinheiro volte aos cofres públicos. "É uma de nossas prioridades, uma forma de resgatar bens que possam servir posteriormente para ressarcir ao erário público e fazer as alienações judiciais possíveis"
Em relação a prisões, ele explicou que "sempre existe possibilidade de movimentarmos as cautelares previstas na legislação, uma delas é a prisão temporária, outra é a preventiva".
Investigados
Os investigados na Operação são empresários do ramo atacadista de alimentos. A polícia contabiliza o montante de 50 milhões de prejuízo aos cofres públicos causa pela quadrilha. A polícia detalhou que o golpe era praticado com fraude de documentos fiscais, para diminuir ou isentar o valor devido.
Segundo informações da Secretária da Fazenda (Sefaz), as investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate à Sonegação Fiscal e aos Crimes Contra a Ordem Tributária (Gaesf) levantou indícios da prática de lavagem de dinheiro, uma vez que foi verificada a constituição de novas empresas, entre elas holdings patrimoniais, em nome de familiares e pessoas próximas aos empresários.
Em 2017, 15 notícias crimes foram registradas no Ministério Público da Bahia (MP-BA) contra o grupo, que não teve identidade divulgada. A investigação do caso começou em 2018, pela Coordenação Especializada de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro, da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA).