Grupos das forças nacionais patrulham ruas enquanto aguardam ordem para deixar Salvador
O Exército vai permanecer "full time" (tempo integral, em inglês) reforçando a segurança na Bahia até a ordem da presidente Dilma Rousseff de retirada. A informação foi dada pelo coronel Costa Neto, chefe da comunicação social da VI Região Militar, sediada na capital baiana. <GALERIA ID=19148/>
De acordo com o coronel, o governador Jaques Wagner deverá fazer um balanço sobre a atuação das tropas federais durante o período da greve da Polícia Militar (PM).
"Se o governador concluir que a presença do Exército (nas ruas) não é mais necessária, ele vai comunicar à presidente", acrescentou.
O feriado da Semana Santa foi de altos índices de violência em Salvador e sua região metropolitana (RMS).
De acordo com dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP), de sexta-feira até domingo foram registrados 44 homicídios. O número é 57% maior se comparado com o mesmo período do ano passado, quando foram contabilizados 28 assassinatos.
Ainda de acordo com o boletim de ocorrências da SSP, 25 foram cometidos em municípios da Grande Salvador, como Camaçari, Simões Filho, Lauro de Freitas e Vila de Abrantes.
Na região da Ilha de Itaparica, foram registrados cinco homicídios (quatro em Vera Cruz e um em Itaparica). Nesses três dias também aconteceram na RMS dez tentativas de assassinato; 51 veículos foram roubados e 12 coletivos sofreram ataques.
Violência
Segundo o comandante-geral da Polícia Militar (PM), coronel Alfredo Braga de Castro, o alto índice de criminalidade tem relação com a greve da corporação.
"É um período (o de greve) em que muitos grupos resolvem promover acertos de contas. Historicamente, também, o feriado de Páscoa é um pouco mais violento", analisou o comandante.
De acordo com o coronel Castro, o alto consumo de álcool, principalmente de vinho, já torna o feriado de Páscoa com tendência a aumento da violência.
"Há o consumo de vinho com o qual muitos não estão acostumados, e aí vem a discórdia. A não presença da PM é um transtorno. E da mesma forma que a sociedade se sente desprotegida, os marginais também aproveitam para agir", acrescentou.
Para o coronel, porém, a situação em todo o estado já é de normalidade. "O efetivo policial 100% escalado está nas ruas", completou.
De acordo com o coronel, o retorno foi mesmo de forma gradativa. "As conversas aconteceram na quinta e o retorno se deu gradativamente na sexta. Houve resistência à volta, claro. Teve um dirigente da Associação de Policiais e Bombeiros e seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra) que, individualmente, tumultuou o processo e acabou contaminando parte da tropa".
Quanto ao fato de que viaturas da PM só começaram a ser vistas com maior frequência no sábado, o coronel afirmou que, na capital, por conta de sua grande extensão, a sensação de não haver policiamento é maior.
"No interior retomamos com este sentimento de tranquilidade mais velozmente. As cidades menores absorvem a nossa presença mais rápido. Em Feira de Santana, por exemplo, entre sábado e domingo, às 16 horas, nenhum homicídio foi registrado", afirmou.
O efetivo da PM na Bahia é formado por 32 mil policiais. Desses, 12 mil trabalham na capital.
Rio Sena
O comandante da PM confirmou o atentado ocorrido na última sexta-feira, no bairro de Rio Sena. Na ocasião, dois veículos com homens armados a bordo passaram atirando contra um grupo de pessoas. Dois homens morreram e um ficou ferido.
O sobrevivente, segundo, o coronel, está fora de perigo, internado em um hospital. O comandante não informou o nome da unidade de saúde. Segundo ele, a vítima está sob proteção policial.
Os crimes (dois homicídios e uma tentativa), porém, não constam no boletim de ocorrências da SSP.
De acordo com a assessoria de comunicação da SSP, desde que foi deflagrada a greve da PM, a atualização do site da secretaria (com os crimes) possui certa "lentidão".
No final da tarde de segunda-feira, 21, moradores de Rio Sena promoveram uma manifestação contra as mortes. O protesto foi realizado em frente à Base Comunitária de Segurança instalada no bairro.