CLEIDIANA RAMOS
O afastamento do padre José Pinto de Salvador deve durar 15 dias. A decisão foi motivada por orientação médica e endossada pela direção da Sociedade das Divinas Vocações, mais conhecida como Vocacionistas, da qual o padre faz parte.
Na instituição, a decisão é prestar toda a solidariedade possível ao sacerdote, inclusive porque há suspeita de que o comportamento irreverente apresentado pelo padre durante cerimônias na Festa de Reis da Lapinha, onde trabalha como pároco, está ligada a distúrbios de saúde.
Essas informações foram prestadas, ontem, pelos padres José Carlos Lima e Domingos Sávio, respectivamente provincial e vigário provincial da congregação em Salvador. Segundo os religiosos, padre Pinto, antes de viajar, passou por uma avaliação psiquiátrica, e, embora sejam necessários exames complementares, há possibilidades de que a alteração de comportamento tenha como base uma disfunção mental.
Ele aceitou conversar com uma psiquiatra antes de viajar e ela nos disse que há essa possibilidade, e chegou-se ao consenso de que um período de descanso seria o mais adequado, disse o padre José Carlos Lima. Ele esclarece que o objetivo da instituição ao manter sigilo sobre o local onde padre Pinto se encontra é preservar ao máximo sua saúde.
Ele esclareceu que a congregação tem tomado as decisões em conjunto com a Arquidiocese de Salvador, à qual padre Pinto presta serviço. Embora dom Geraldo estivesse em viagem, mantivemos contato com ele por meio de dom Josafá, um dos bispos auxiliares, e temos procurado dialogar sempre, esclareceu o padre Domingos Sávio. Ontem, o Conselho Paroquial divulgou uma nota prestando solidariedade ao padre, negando a existência de um movimento para afastá-lo.
O padre José Pinto, titular da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição da Lapinha, envolveu-se numa polêmica que ganhou repercussão nacional ao incorporar à missa da véspera da Festa de Reis, celebrada no último dia 5, performances artísticas.
Vestido de amarelo, o sacerdote dançou e justificou a fantasia como uma homenagem a Nossa Senhora da Guia e ao orixá Oxum, divindade do candomblé de nação ketu. Sábado, o cardeal arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, dom Geraldo Majella, divulgou nota onde afirmava que o padre necessitava de tratamento médico.