Maria Padilha
Já está escuro quando Marcelo Cerqueira sobe ao palco sem camisa, num cocar escandaloso e lentes de contato verdes. Anuncia a performance da transformista Dion, mestra-de-cerimônias. Uma loiraça simpática, mas seu carisma e suas sacadas para piadas passam longe da musa Bagagerie Spilberg. Antes dos candidatos, o povão ganha uma bateria de shows de transformismo. Alguns deixam bofes sem respiração. Outros me fazem bocejar.
As fantasias vão ganhando o palco. O primeiro a chamar a atenção é o pernambucano Flávio Ângelo da Silva. Está vestido de Jesus Cristo e cercado por uma áurea gigante feita de baguetes e pães fatiados. Marisol Martinez, que foi a noiva de plástico vencedora no ano passado, exibia um belíssimo vestido todo feito de papel jornal.
Teve José Jorge vestido de vaquinha com acessórios todos feitos de caixa de leite e Welington Ferreira, de filho de Gandhy, homenageava padre Pinto cuja história eu jurei contar a minha amiga.
Paulo da Paixão entrou em cena com uma roupa feita de esteiras, todo pintado de dourado, representando Oxum. Nessa hora, minha porção biba falou mais alto. Ano que vem, venho fantasiada, delirei. O artista plástico Joaquim Assis estava lindo, quase uma porta-bandeira com sua fantasia O Anjo da Noite.
Papéis de arranjo de flores, espuma, luvas, anéis coloridos, muitas embalagens de café dando um efeito prateado e luzes piscando ao redor. Belíssimo.