Projeto entregue à prefeitura prevê criação da Fábrica do Carnaval, local para produção e comercialização de fantasias
JANE FERNANDES
Com a aproximação do Carnaval, começa o período de agonia dos blocos afros e afoxés em busca de patrocínio. Como a obtenção desse apoio está ficando cada vez mais difícil, os diretores dessas entidades resolveram apostar em uma nova alternativa.
O projeto apresentado à Secretaria Municipal de Economia, Emprego e Renda começa a se tornar realidade esta semana, com a montagem da Fábrica do Carnaval. O conglomerado de entidades carnavalescas, associações e cooperativas será instalado no armazém 1, da Codeba, no Comércio.
A expectativa do vice-presidente do Alabê (bloco afro sediado no Curuzu), Ari Sena, é que essa iniciativa instaure um novo modelo de funcionamento nessas entidades. Não existe uma cultura de venda de fantasias, o que nos impede de obter receita, avalia.
A idéia é manter a participação gratuita dos membros da comunidade e, ao mesmo tempo, atrair pessoas com condições de pagar para participar da folia. Para isso, ele já planeja estender o funcionamento da fábrica para o ano inteiro.
Emprego A possibilidade de transformar a iniciativa em uma medida permanente ainda não foi confirmada pelo secretário municipal de Economia, Emprego e Renda, Domingos Leonelli, mas ele aposta no sucesso a curto prazo. Sua estimativa é que cerca de 300 artesãos, costureiras, figurinistas, cenógrafos se instalem no local quando a estrutura estiver montada.
Instalações O trabalho para fazer as instalações elétricas e hidraúlicas complementares deve durar 15 dias. Leonelli acredita que pelo menos metade dessa equipe ficaria inativa caso o espaço não fosse criado.
Embora ainda ache cedo para apontar o impacto da Fábrica do Carnaval na geração de emprego e renda dentro da sua comunidade, Sena não tem dúvidas sobre a ampliação da produção.
Com a criação desse Arranjo Produtivo Local (APL), o presidente do afoxé Filhos do Congo, Ednaldo dos Santos, acredita que todos os participantes ganharão mais visibilidade, o que deve se refletir na venda de fantasias. Vamos formar um ponto de encontro, onde turistas e moradores de Salvador encontrarão diversas opções para sair no Carnaval, imagina.
Produção Além de produzir os trajes dos seus respectivos blocos, as costureiras, serigrafistas e artesão integrados à fábrica também atenderão a pedidos externos.
O primeiro deles foi feito pela própria prefeitura e consiste na confecção das fantasias do Bloco da Cidade que, este ano, irá às ruas com aproximadamente três mil pierrôs e colombinas. Leonelli informou que oito blocos já encomendaram as roupas dos cordeiros à APL formada por essas entidades. Sena espera ainda que esse projeto piloto chame a atenção dos grandes blocos da cidade para a capacidade de produção local.
Atualmente, os abadás são confeccionados em São Paulo e Minas Gerais, quando na opinião de Sena e Leonelli poderiam estar sendo feitos aqui mesmo, gerando emprego para os soteropolitanos. A captação de clientela não irá acontecer apenas durante o período produtivo da fábrica.
No início de fevereiro, os participantes do projeto contarão com um espaço para vendas no Shopping Aeroclube. Nessa área também será instalado um serviço de customização de abadás e camisetas.