A megaoperação realizada pela polícia no Nordeste de Amaralina neste final de semana foi motivada por denúncias de moradores da região de que o traficante Camisinha teria determinado que todo policial que fosse ao local seria recebido com violência. A informação foi passada pelo delegado-chefe da Polícia Civil, Hélio Jorge, na manhã desta segunda-feira, 28, em coletiva de imprensa na qual foram divulgados dados da operação iniciada na sexta-feira, 25. O estopim que desencadeou a operação foi a agressão ao policial Edvaldo Santos de Jesus, atingido na cabeça no dia 21 de março, quando fazia ronda no local. O PM ficou sem a visão do olho direito.
De acordo com o secretário Maurício Barbosa, a investigação do tráfico no Nordeste de Amaralina havia começado há três meses e já existia a previsão de que acontecesse uma operação no bairro, mas não agora. "Por conta do ocorrido, resolvemos antecipar a ação¿, explicou o secretário. Segundo ele, os 30 mandados de prisão, busca e apreensão foram cumpridos e o principal objetivo, que era capturar Camisinha, foi cumprido, já que este morreu em confronto com os policiais.

Coletiva contou com comandante-geral da PM, Nilton Mascarenhas, secretário Maurício Barbosa e delegado-chefe Hélio Jorge
Cinco traficantes foram presos, um adolescente foi apreendido, além de drogas, armas, dinheiro, veículos e máquinas caça-níqueis recolhidas pela polícia na operação que abrangeu Santa Cruz, Chapada do Rio Vermelho, Vale das Pedrinhas e Boqueirão.
Os traficantes Alan Valentim Pena Tavares, conhecido como Gordo, Paulo André de Jesus Costa, Francisco Lima de Souza, Ivo Boa Morte Nascimento e Ivan de Jesus Costa foram apresentados nesta manhã, na sede da Secretaria de Segurança Pública da Bahia, no Centro Administrativo da Bahia, na presença do titular da pasta, secretário Maurício Barbosa, o delegado-chefe da Polícia Civil, Hélio Jorge, e o comandante geral da Polícia Militar, Coronel Nilton Vasconcelos.

Traficantes foram apresentados na sede da Secretaria de Segurança Pública, no CAB
Segundo o Coronel Nilton Mascarenhas, apesar do final da operação, que
contou com 943 policiais, dentre eles 895 militares e 48 civis, o
policiamento na região será reforçado. ¿Não vamos dar trela aos
marginais. Se identificarmos, vamos buscar. Agora começou o jogo. Vamos
manter um total de 100 a 120 policiais nas ruas, servindo à 40ª CIPM,
além de pelo menos dez policiais civis na 28ª CP¿, garantiu.
Apreensões ¿ Durante toda a operação, foram apreendidos uma pistola 9mm, três revólveres calibre 38, três calibre 32, dez motocicletas, 131 pedras de crack, 801 papelotes de cocaína, 300g de maconha, 18 celulares, computadores usados para controle de vendas dos traficantes e duas máquinas caça-níqueis.
Um total de 3.412 pessoas foram abordadas, bem como 656 automóveis, 586 motos, 37 táxis, 16 ônibus, 30 pontos de ônibus e 52 estabelecimentos comerciais. Das pessoas abordadas, 44 foram conduzidas à delegacia, mas, por falta de materialidade de crime, foram liberadas.
Segundo o delegado-chefe da Polícia Civil, Hélio Jorge, foram presos os principais traficantes procurados na região, além de terem sido mortos Luis Fernando Anunciação da Cruz, o Camisinha, Aldemir dos Santos Costa e Tiago Coitinho Macedo Silva.
Sobre o pai do traficante Camisinha, o Sargento PM Luiz Carlos Moreira Cruz, o secretário Maurício Barbosa explicou que não pode, ainda, pedir a exoneração do cargo. ¿Estamos investigando para identificar qual o papel dele na quadrilha. Somente depois disso é que poderemos pedir a exoneração¿, afirmou.
Implantação da UPP ¿ Sobre a instalação da primeira Unidade de Polícia Pacificadora, na comunidade do Calabar ainda neste final de semana, o secretário Maurício Barbosa esclareceu a diferença para a operação realizada no Nordeste de Amaralina. ¿Quando vamos cumprir mandados de prisão, a operação é surpresa. No caso da UPP, não. Os principais traficantes do Calabar já foram presos. Vamos trabalhar para que outros não ocupem as bocas de fumo¿, explicou.
Ainda de acordo com Barbosa, a identificação dos pontos de fuga no Nordeste de Amaralina foram essenciais para melhorar o projeto de implantação da unidade do bairro. ¿Muitos usaram a rede de esgoto como rota de fuga. Agora que já identificamos esses pontos, o trabalho vai ficar mais fácil¿, disse.
*Com redação de Clarissa Pacheco, do A Tarde On Line