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Começo de ano letivo é sinônimo de adaptação. Seja à escola nova ou pelos colegas e professores ainda desconhecidos. E quem pensa que esta é uma fase difícil apenas para as crianças, se engana. Para os pais, especialmente os de primeira viagem, esse pode ser um momento traumático, recheado de medos e inseguranças.
A advogada Lara Suerdieck, 37 anos, ainda lembra dos primeiros dias de aula de sua filha mais velha, Isadora, de sete anos. Na época a garota tinha três anos e, no segundo dia de aula, disse: “Vá embora. Na escola fico com a pró”. A mãe, é claro, ficou surpresa: “Não chorei, mas fiquei arrasada“, diz.
Com a filha mais nova, Alice, de três anos, que começou a estudar ano passado, a experiência não se repetiu e a menina demorou a se integrar no novo ambiente. “A personalidade influencia nesse processo. Isadora é mais independente“, avalia a mãe.
Para tranqüilizar a mais nova, quando ela começava a chorar era levada para junto da irmã. “Levava para minha sala e pedia para não chorar. No recreio ia ficar com ela”, conta Isadora.
Pedagogia - Adriana Rossetto, pedagoga da Escola Arco-Íris, onde as garotas estudam, explica que é preciso cautela com essa fase de adaptação e elaborou um manual, entregue aos pais antes do início das aulas. Para os pequenos que entram no ambiente escolar pela primeira vez, as aulas começam uma semana antes e de forma gradativa.
No primeiro dia são duas horas na escola, acompanhados dos pais. Diariamente são acrescidos trinta minutos. “Os pais devem preparar os filhos, explicar o que é a escola, como funciona e transmitir segurança. Se os pais estão inseguros isso é passado às crianças”, observa.
A cirurgiã-dentista Maria Carolina Granjeon de Alencar, 30 anos, confessa que estava bastante ansiosa no primeiro dia de aula de sua filha Melissa, três anos. Mas conseguiu contornar a situação e não passar sua expectativa para a criança.
“Fiquei com medo e entrei em pânico quando olhei a escola enorme. Imaginei minha filha indefesa no meio de várias crianças. Mas não transmiti ansiedade”, conta. Ela esteve na escola junto com a filha durante as férias e a menina demonstrou saudades da professora.
“Liguei para ela falar com a professora. E aproveitei para conversar e explicar que este ano terá nova professora. Essa troca é boa. Melissa tem de aprender a lidar com as frustrações”, acrescenta Alencar, pensando na nova adaptação.
Atividades - A pedagoga Adriana Rossetto explica que durante a semana de adaptação são realizadas atividades especiais, como contar histórias, sessões musicais com cantigas de roda, modelagem com farinha de trigo e trabalhos artísticos. Tudo acompanhado pelos pais.
Mas uma regra não pode ser descumprida: a sala de aula é considerada sagrada e os pais não podem entrar. “Procuramos fazer brincadeiras, jogos e atividades para envolver e criar vínculos. Aos poucos atraímos as crianças para a sala de aula. Porém é preciso ficar evidente que a sala é o espaço da professora”, explica a pedagoga.
Para quem teve alguma experiência em outra escola, diz Rossetto, o processo de adaptação é mais tranqüilo, exigindo apenas uma apresentação à turma e um acolhimento e conversa intermediada pelo professor para que o aluno faça novos amigos.