Transcrever um livro em tinta para o alfabeto usado pelos deficientes visuais não é tarefa fácil. A diretora pedagógica do ICB, Iracema Vilaronga, revela que, além de garantir que o conteúdo será transposto na integra, o tradutor precisa ainda ser um bom conhecedor das normas técnicas e convenções adotadas para o Braille em língua portuguesa. O trabalho de Iracema é justamente estudar formas de fazer essas transcrições sem comprometer ou limitar o conteúdo a que os leitores cegos têm acesso. Para isso são criados padrões adotados em todos os países de língua portuguesa, porque seria impossível que cada local adotasse uma convenção. Imagine como seria possível para um aluno cego estudar química orgânica se em cada lugar a tabela dos elementos fosse feita de uma forma?
No ICB, Iracema trabalha transcrevendo conteúdos. A entidade, que atende 300 estudantes, monta apostilas e livros para as aulas. O custo de se montar um material desses, no entanto, é bastante elevado. Para se ter uma idéia do que significa preparar um material didático para um aluno cego, uma impressora semi-industrial especifica para imprimir em Braille não custa menos de R$ 26 mil. O deficiente visual que quiser ter uma impressora doméstica que faça a mesmo trabalho não gasta menos que R$ 14 mil. Para ajudar na manutenção da entidade, o ICB presta serviço transcrevendo conteúdos para o Braille como cardápios de restaurantes e guias turísticos.