Atualizada às 11h58
Entre os brasileiros refugiados no Líbano, Fetinah Ahmad Kanbou tenta retornar para Santa Cruz Cabrália, no Extremo Sul da Bahia, onde mora sua família. Fetinah aguarda um vôo com destino a São Paulo com previsão para sair do Líbano na noite desta quinta-feira (horário de Brasília), informou Amale Chaim Abou, mãe da brasileira.
Apesar de estar refugiada em um abrigo improvisado em uma escola em Damasco, o contato com a família que está na Bahia nem sempre é garantido. Passo a noite em claro ligando para os lugares em busca de noticias. Não consigo dormir, conta Amale Chaim Abou, que tenta trazer a filha de volta desde o último dia 12.
Fetinah mora há 19 anos em uma cidade no Vale do Bekaa, região montanhosa de difícil acesso no Líbano. Com a guerra, fugiu para Damasco. Uma outra filha de Amale também mora no Líbano, mas não pretende deixar o país. Ela vive com o marido e filhos. De noite, quando começam os ataques eles abandonam o apartamento e vão para locais baixos onde conseguem se proteger melhor. Meu genro é libanês e não quer abandonar a pátria, explica.
Fetinah esteve pela última vez na Bahia em 2001 e não planejava retornar. "Moramos no Líbano até 1986. Minhas filhas ficaram e gostavam de morar lá, mas com a guerra a situação muda", diz Amale.
O secretário da embaixada do Brasil na Jordânia, Paulo Uchôa, disse em entrevista à "Globo News" que não ainda não está confirmado o horário do próximo vôo com destino ao Brasil. Uchôa disse também que a água começa ficar escassa em alguns alojamentos utilizados por pessoas refugiadas.
A embaixada brasileira ofereceu ontem 10 ônibus com capacidade para 400 pessoas, mas apenas 120 apareceram. Segundo a embaixada, algumas pessoas acham mais seguro permanecer em casa do que correr o risco de entrar no comboio de fuga sem que o governo local tenha dado garantias de segurança.
A família de Fetinah Ahmad Kanbou aguarda com ansiedade seu retorno. "Tivemos sorte de termos sido bem acolhidos na Bahia", resume Amale.