A Feira de São Joaquim, as lojas de rua ou os shopping centers da cidade? Qual é o melhor lugar para comprar o presente que será dado à gurizada no Dia das Crianças? Tudo vai depender de quanto se pretende gastar, do conforto que se deseja durante as compras e da criatividade.
No shopping, conta-se com o conforto do estacionamento, ar-condicionado, mais segurança e limpeza, além de maior variedade de brinquedos. Em compensação, os preços são bem mais salgados. Mas, procurando com critérios, dá para adquirir brinquedos criativos com um bom preço.
A estudante Fernanda Peixoto, 20 anos, levou o afilhado Matheus Peixoto, de 1 ano e 6 meses, para escolher o presente numa loja de shopping. “Vou comprar o que ele escolher. Tomara que não seja nada muito caro”.
E Fernanda deu sorte. O pequeno Matheus estava empolgadíssimo com uma máquina fotográfica de plástico que emitia o som: “olha o passarinho!”. Como não era lá muito cara, a dinda perguntava: “Quer esse, dindo, quer?” E o pequeno balbuciava: “Qué! Qué!”.
Se você não quer correr riscos porque está com as contas apertadas, não esquente a cabeça. Dá para fazer a alegria da criançada na feira de São Joaquim. A dica é deixar a gurizada e partir para o rebuliço da maior feira da capital.
Quem mostra as opções de presentes para a criançada é a pequena Tainara Santos Silva, 12 anos, que vende tempero nos fins de semana. “Trabalho aqui desde os 5 anos. Todo mundo me conhece. Tenho um monte de primos espalhados por aí trabalhando também”, diz, empolgada.
Na primeira parada, Tainara nos mostra uma barraquinha que vende filhotes de animais. Entre eles, hamsters e pintinhos. “Eu crio 27 pintinhos, galo e galinha”, diz ela, sorrindo. Tainara mora no bairro de Santa Luzia, no subúrbio de Salvador, com os avós.
“Minha mãe mora em Aracaju, meu pai morreu quando eu tinha 7 anos. Lá em casa moram 19 crianças. Não sei se todo mundo vai ganhar presente na sexta-feira. Mas, se meus avós derem, vou gostar de qualquer coisa”, anima-se.
O preço do pintinho é a melhor parte: R$ 1,70 cada. Com o dinheiro gasto em uma boneca de luxo, de R$ 799. dá para comprar 470 pintinhos ou 399 peões de madeira. “Daqueles que a gente enrola a corda e joga assim no chão”, demonstra ela, com um brilho nos olhos, como se fosse adorar se ganhasse um desses brinquedos.
Na avaliação da psicóloga Aura Lago Lopes, os pais não devem preocupar-se tanto em oferecer presentes caros para os filhos, e sim pensar mais no significado que aquele objeto terá para eles.
“Em primeiro lugar, é prestar atenção no brinquedo adequado para a idade. Isso é possível fazer verificando a faixa etária indicada nas embalagens. Também é importante procurar saber se a criança gosta de brincar com aquilo”, frisa ela.
Segundo a especialista, não adianta também adotar o discurso “politicamente correto”, de que videogames e brinquedos de tecnologia avançada são ruins. “O mais importante do brinquedo é que ele aproxime a criança da fantasia e que, através dela, possa ter contato também com os seus sentimentos e sua realidade”, afirma.
Para a psicóloga, o cuidado que se deve ter com videogames e com a internet é o tempo que a criança se dedica a essa diversão. “Todas as atividades são ainda melhores se acompanhadas dos coleguinhas”, sugere a psicóloga.
Em relação às meninas, a especialista explica que elas adoram brincar com as bonecas que possibilitam a troca de fraldas e permitem outros cuidados, porque as pequenas, principalmente, as que possuem irmãos menores, querem imitar a mãe.
Aura Lopes acredita que, ao contrário das bonecas mais caras, as mais simples e baratas permitem que a criança, com a própria palavra, interaja com o brinquedo, use a criatividade e imagine que ela está triste ou alegre. Com isso, a fantasia move a brincadeira.