Nesta segunda, 27, às 8h30, o ex-policial militar, Pedro Carlos Lucas da Silva, conhecido como Cabo Lucas, vai a julgamento no Fórum Ruy Barbosa, acusado de ter matado com um tiro no olho a menina Samanta Alves Pereira Baldoíno, de quatro anos, em 2008. De acordo com o testemunho de moradores do local do crime – Rua Nova do Cruzeiro, no Pau Miúdo – o acusado estaria embriagado e teria atirado na criança, que estava na janela da casa ao lado.
Enquanto o Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Yves Roussan (Cedeca) espera que o júri popular condene o Cabo Lucas à pena máxima de 30 anos para o crime de homicídio qualificado, a defesa do acusado acredita na absolvição por falta de provas. De acordo com testemunhas, o crime teria sido motivado porque o acusado, supostamente bêbado, estaria incomodado com o barulho na rua. Ainda de acordo com moradores do local na época, o militar reformado teria saído de casa transtornado e atirando. Um dos disparos teria atingido a criança Samanta.
Segundo o advogado do Cabo Lucas, Vivaldo do Amaral Adaes, faltam provas para comprovar a autoria do crime. “A suposta arma não foi localizada, a munição não foi periciada”, afirma Adaes. Ainda de acordo com o advogado, Lucas teria saído de casa debaixo de tiros disparados pela família da criança. “Meu cliente revidou e saiu correndo. Não dá para saber de onde saiu a bala que atingiu a criança”, afirma. “Em qualquer lugar do mundo se sabe que quando há dúvidas, o veredito deve ser favorável ao réu”.
A tese é rebatida pelo advogado Maurício Freire Alves, que vai assistir a acusação. “A arma não foi localizada porque o assassino jogou-a fora”, diz. “Tenho certeza de que o júri vai levar isso em conta e decidir pela condenação à pena máxima”.
Atualmente, nem a família do Cabo Lucas nem a da criança vivem no local. “Ele matou uma criança, mas não destruiu apenas uma vida. Acabou com uma família inteira. A condenação vai servir como exemplo para outros”, conta o coordenador-executivo do Cedeca Valdemar Oliveira. “A mãe da menina (Arielba Silva Pereira) ainda não se recuperou da perda. Nesta segunda ela estará pedindo justiça junto conosco”, conta.
Violência – De acordo com dados do Cedeca, desde 2007 houve um aumento nos casos de violência contra a criança e o adolescente na Bahia motivado pelas atividades do narcotráfico. “Tínhamos uma média de 120 mortes por ano, o que já consideramos um número alto, mas nos últimos dois anos esse número subiu para 150”, destaca Valdemar Oliveira, complementando que, em 2009, essa média deve se manter no patamar mais alto. “O trafico propicia um aumento na violência e causa problemas por conta da cooptação de crianças e adolescentes para a atividade”, explica.
Colaborou Sylvia Verônica*