Em meio à onda de descontentamento que atingiu o serviço público estadual, no qual diversos setores decidiram entrar em greve nos últimos dias para forçar um reajuste mínimo superior aos 4,5% até agora oferecidos pelo Executivo, o governo baiano anunciou nesta terça-feira um pacote de R$ 5,98 milhões em investimentos nas quatro universidades estaduais (Uneb, Uesc, Uefs e Uesb).
Os recursos serão aplicados em obras de infra-estrutura, algumas já iniciadas, entre elas a conclusão do laboratório de biossegurança da Uesc, no sul da Bahia. O pacote para o ensino superior, embora atenda pedidos por melhorias na estrutura das instituições, não entrou na pauta da assembléia de professores da Uneb, realizada na tarde desta terça-feira no Campus I da universidade.
A agenda dos docentes continuou tomada pela discussão em torno da inexistência de uma contraproposta às principais reivindicações da categoria: incorporação de gratificações e reposição de perdas salariais decorrentes da inflação calculadas em 108%.
A notícia, dada pelo deputado estadual Waldenor Pereira (PT), de que o governo sinalizava com uma nova reunião, marcada para terça-feira da próxima semana, a fim de ampliar as negociações, jogou um balde de água fria na pretensão dos professores para deflagrar a greve e paralisar ainda mais a Educação na Bahia, onde mais de 1 milhão de alunos da rede estadual está sem aulas há uma semana.
O governo cedeu e decidiu instalar a mesa setorial da Educação mesmo antes de chegar a um acordo na mesa principal, onde diversas entidades de servidores estaduais discutem o índice de reajuste linear para o funcionalismo.
Estávamos no início da assembléia quando essa informação chegou. Os professores então acharam por bem não decretar a greve. Vamos esperar para ver se uma contraproposta é apresentada, disse o diretor de formação político-sindical da Aduneb (Associação dos Docentes da Universidade do Estado da Bahia), Aldrin Castelluci.
A respeito do pacote de investimentos na Educação, do qual disse ainda não estar informado, o diretor da Aduneb mostrou-se, para dizer o mínimo, desconfiado: Toda verba para as universidades é bem-vinda, mas é preciso acompanhar como os recursos serão aplicados na prática. Semana passada, o governo anunciou R$ 6 milhões para contratação de professores como se esse valor fosse entrar direto na conta das instituições. Foi pura propaganda enganosa, pois os recursos serão aplicados no prazo de dois anos.
Nesta quarta-feira, em Vitória da Conquista (a 509 km de Salvador) está programada a assembléia dos professores da Uesb. No dia seguinte, os docentes da Uefs e da Uesc decidem se aguardam a nova rodada de negociação com o governo, ou engrossam as fileiras dos descontentes da Educação.