>> Carteiros devem evitar áreas de risco
>> Profissionais são ameaçados no dia-a-dia
O bar de Edson Bispo Nunes, 59 anos, localizado na Rua Paulo Faustino, em Valéria, funciona, desde a semana passada, como um entreposto dos Correios. Ali são entregues cartas e encomendas dos moradores das ruas da Felicidade, Liberdade e do Futuro e a exemplo de diversos pontos das ruas de bairros da periferia da cidade, os carteiros não entram com medo da ação dos ladrões, que proíbem a entrega de correspondências.
No dia 26 de março, o carteiro José Roberto dos Santos, de 37 anos, foi assaltado na Rua do Lavrador, em Valéria. Dois adolescentes, de armas em punho, lhe tomaram o telefone celular e as correspondências que estavam em um malote, e não satisfeitos com o roubo, lhe deram um tiro que o atingiu nas costas.
O carteiro sobreviveu mas até hoje permanece com a bala alojada próximo ao coração e se submete diariamente a tratamento de fisioterapia. Na rua onde ocorreu o assalto, moradores como Zélia Barbosa de Brito, de 48 anos, diz que foi uma fatalidade e que o local não é violento. Mas diz não entender o porque de sua casa funcionar como entreposto dos Correios e ali receber cartas dos moradores de localidades como as ruas do Paraíso I e II, transversais onde os carteiros não entram.
Áreas proibidas – A direção regional dos Correios não divulga o nome das áreas consideradas de riscos e onde os carteiros não costumam entrar. Uma portaria interna da empresa proíbe, por sua vez, os carteiros de darem informações sobre tais locais e muito menos falar dos assaltos que já sofreram. Contudo, mantendo o anonimato, com medo de represálias, os carteiros que trabalham no Centro de Distribuição de Amaralina, o segundo maior distribuidor de cartas e encomendas da capital, relacionam várias áreas nos bairros do Nordeste de Amaralina e Santa Cruz, onde estão proibidos de entrar para fazer entregas.
Um dos carteiros, por exemplo, disse que as entregas na Invasão Nova República não são feitas, e quando acontecem, são autorizadas por líderes de gangues que agem no local. “Aqui somos vetados nas ruas Dendezeiros, Amendoeiras, Floresta e Jardel Filho”, onde as correspondências são deixadas em locais estratégicos, e outros moradores se encarregam de guardá-las até que seus donos venham buscá-la”, diz.
Locais proibidos – No Centro de Distribuição Domiciliar (CDD) de São Caetano, onde trabalha em média 50 carteiros, e abrange os bairros de Valéria, Largo do Tanque e San Martin, os funcionários do local, pedindo anonimato, têm uma espécie de lista de áreas que não costumam entrar. Dentre elas estão a B. do Camurugipe, onde as transversais são proibidas aos carteiros, e a Av. Bia, na Invasão do Marotinho, próximo ao fim de linha de São Caetano.
Este ano, a vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios na Bahia, Simone Soares Lopes, lotada na Unidade de Distribuição de São Caetano, foi assaltada fazendo entregas na Av. San Martin. A diretora da Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios, Ana Nery dos Santos tem em mãos outra lista dos locais considerados proibidos para os carteiros.
Vetados – O Sindicato dos Trabalhadores dos Correios relaciona oito CDDs como os mais perigosos em Salvador:.
No Cabula, atrás do Colégio Roberto Santos, Baixa do Senhor do Bonfim (Engomadeira), Travessa do Poço (Arenoso), e Ruas Washington Luiz e Fernando Luz (Tancredo Neves); na Calçada, a Prainha do Uruguai; no subúrbio ferroviário – Invasão Nova Constituinte (Periperi). No bairro da Amaralina, por exemplo, as ruas Dendezeiros, Amendoeiras, Floresta e Jardel Filho (Nordeste) e Invasão Nova República (Santa Cruz). No bairro de São Caetano, os locais perigosos são as transversais da Rua do Lavrador (Valéria), fim de linha do Bom Juá. Em São Cristóvão, a Invasão Planeta dos Macacos e, na Boca do Rio, a Rua Irmã Dulce. Outros pontos são Invasão do Pelaporco, na região da Sete Portas e a Ladeira de São Cristóvão, no bairro da Liberdade.