Este ano, devem surgir 1790 novos casos de câncer de mama na Bahia, 710 em Salvador. A estimativa é do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Um dos principais fatores de risco da doença é a hereditariedade, que foi tema da palestra realizada nesta sexta-feira, 28, no Hospital Português. Especialistas em oncologia discutiram mitos e formas de prevenção.
“É comum chegar algumas mulheres dizendo que têm predisposição genética para o câncer de mama e quando vamos investigar, isso não é confirmado. Vários fatores são analisados para determinar este fator de risco, como o histórico familiar, principalmente se for em parentes com menos de 50 anos”, explica Clarissa Mathias, coordenadora do Centro de Oncologia do Hospital Português.
A aposentada Mayana Rocha, 74, que teve câncer na mama esquerda, tem histórico familiar de tipos diferentes de câncer. “Sabia que não podia facilitar, qualquer mancha, caroço que aparecia, procurava um médico. Foi o que me ajudou”, conta ela, que descobriu a doença na fase inicial, durante exames de rotina.
PREVENÇÃO - O câncer de mama, tipo mais comum entre as mulheres, pode ser evitado com diagnóstico precoce. As formas mais eficazes de detectar a doença são os exames clínicos e a mamografia. Profissionais treinados podem identificar tumores de até um centímetro. As mulheres também podem fazer o auto-exame, mas não como única forma de prevenção. O Inca só recomenda o auto-exame como uma ação de conhecimento do próprio corpo.
De acordo com a entidade, o rastreamento na mama não contribui para a redução da mortalidade por câncer de mama. “Se a mulher fizer o auto-exame de forma errada e não encontrar nenhum nódulo, pode ficar com a falsa sensação de segurança. Por isso, o indicado é que o auto-exame seja ensinado por um médico e, mesmo assim, a mulher faça outros tipos de avaliação”, diz Clarissa.
A mamografia é indicada, a cada dois anos, para mulheres entre 50 e 69 anos, mas quem tem casos da doença entre parentes de primeiro grau, a radiografia da mama passa a ser recomendada anualmente e a partir de 35 anos.
Outra forma de prevenir esta enfermidade é manter bons hábitos, como fazer exercício físico, ter uma alimentação equilibrada, evitar o sobrepeso, não fumar e não ingerir bebida alcoólica em excesso.
SINTOMAS – Além do nódulo na mama, o câncer pode causar alterações na pele, deformação do mamilo e presença de líquido no seio, mesmo em mulheres que não estão amamentando. Quem apresentar estes sintomas deve procurar um médico.
O tratamento é a cirurgia de retirada do tumor, e pode ser necessário extrair todo o mamilo. O paciente também passa por sessões de quimioterapia e, em alguns casos, hormonoterapia. Mayana precisou retirar a mama esquerda, fez quimioterapia e radioterapia. “O tratamento é ruim, agressivo, mas é necessário. É uma forma de evitar que a doença volte. Eu fiz o tratamento e hoje, depois de 25 anos que descobri o câncer na mama, não tive mais nenhum problema”, conta.
Em casos mais agressivos da doença é indicada uma vacina de anticorpos, chamada Trastuzumab. “Essa vacina não é ministrada na rede pública e custa R$7 mil a dose”, diz Clarissa Mathias.
Atendimento gratuito:
Hospital Aristides Maltez
Avenida Dom João VI, Brotas
Telefone: 3357-6800
Hospital São Rafael
Avenida São Rafael, São Marcos
Telefone: 3281-6111
Hospital Santa Isabel
Avenida Joana Angélica, Nazaré
Telefone: 2203-9666
Mais informações:
Instituto Nacional de Câncer (Inca) - www.inca.gov.br
Secretaria de Saúde do Estado - http://www.saude.ba.gov.br/int_prev_aprend.html
ESTIMATIVA DE NOVOS CASOS DE CÂNCER NA BAHIA EM 2008*
Estado Capital
Casos Taxa Bruta Casos Taxa Bruta
Mama Feminina 1.790 24,92 710 50,87
Colo do Útero 970 13,55 300 21,36
Cólon e Reto 410 5,72 180 12,86
Traquéia, Brônquio e Pulmão 310 4,20 110 8,18
Estômago 340 4,74 110 7,50
*Fonte: Inca