O estudante de Direito Davi Andrade já avisou à namorada: só viaja no São João se for para um lugar onde tenha TV disponível para acompanhar os principais jogos do Mundial da Alemanha. Ele conta que chegou a desistir de uma excursão com os colegas, para Senhor do Bonfim, porque a turma só vai parar para ver os jogos do Brasil. "A Copa tem outros jogos interessantes além dos da Seleção", diz.
O caso de Davi não é único. A decisão dos torcedores de ficar em casa para acompanhar a Copa representou um impacto negativo para o setor turístico baiano. Os hotéis dos principais pólos turísticos da Bahia, Salvador e Porto Seguro estão com uma ocupação média 30% menor do que no mesmo período de 2005. A estimativa foi feita pelo presidente da Associação Brasileira dos Agentes de Viagem (ABAV), Pedro Costa. Ele revela que, apesar de ser mês de festas e de férias na maior parte dos estados nordestinos, historicamente junho não é um período bom para o turismo no Estado. Neste ano, devido à Copa do Mundo, a situação está ainda pior.
Para Costa, o desaquecimento se deve mesmo à desistência dos potenciais turistas de viajar, pois muitos preferem ficar em casa para acompanhar a Copa. "Muita gente preferiu adiar a viagem para depois do Mundial, para poder acompanhar os jogos com mais tranqüilidade", diz, citando a dificuldade que muitos turistas podem encontrar para ver as partidas em uma cidade estranha. "Se é para ficar dentro do hotel, melhor nem sair de casa", diz.
Segundo o presidente do sindicato dos hotéis de Salvador, Raul Queiroz, essa queda do fluxo já era esperada pelo setor. "Junho nunca foi um mês bom para a hotelaria. Neste ano, com a Copa, as previsões eram mesmo que houvesse esse desaquecimento", diz. Para ele, outro fator que sempre inibiu o turismo no meio do ano na cidade é o mau tempo. "Todos têm a idéia de Salvador como a cidade com o sol sempre brilhando. E ninguém quer viajar e não poder nem sair do hotel", diz. Ele revela que são comuns as reclamações dos turistas que não podem deixar de vir para a capital baiana nesse período.
Os dois avaliam como positiva a influência do São João para as viagens dentro do Estado. Pedro Costa porém, analisa que o impacto da festa é muito pontual, concentrado apenas no fim de semana do feriado. "É um evento curto, cuja influência é muito regional. Durante o restante do mês, não há aumento no número de turistas na maior parte das cidades que tradicionalmente têm uma grande festa junina", diz.
A expectativa do setor é que a recuperação aconteça a partir de julho, mês de férias no Sul / Sudeste do país. "O Nordeste em geral e a Bahia em particular são pólos receptores de turismo, enquanto o Sudeste é o principal pólo emissor do país", afirma Costa. Com efeito, em julho, o fluxo turístico aumenta até 60% sobre o movimento de junho em todo o Nordeste. "O movimento só é menor que o da alta estação, dezembro, janeiro e fevereiro", afirma Costa. Queiroz cita também o início da temporada de congressos e eventos na cidade, em agosto, como fator de recuperação do turismo local.
Vôos Apesar do menor fluxo turístico nessa época, as principais companhias aéreas brasileiras não mudaram suas expectativas de vendas de passagens para o mês. No entanto, a escassez de passageiros acirrou a disputa no setor. A mais agressiva é a Gol, que prorrogou a promoção de vôos por R$25 até o dia 12. O valor é válido para um número limitado de assentos por vôo e apenas para compras feitas pela internet entre as 22h e às 6h da manhã.
Para enfrentar a disputa, a novata Ocean Air oferece descontos de até 90% sobre o preço normal da tarifa durante todo o mês. Já a TAM oferece descontos para os vôos na hora dos jogos da Seleção. A Varig não informou nenhuma promoção para o período.
Mais informações:
Gol
www.voegol.com.br
TAM
www.tam.com.br
Ocean Air
www.oceanair.com.br
Varig
www.varig.com.br