Esta quinta-feira, 10, foi movimentada no posto da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Aeroporto de Salvador. Assustados com os novos casos de febre amarela registrados em Goiás e no Distrito Federal, viajantes lotaram a pequena área de atendimento ao público da Anvisa em busca da vacina contra a doença.
Em fila única, passageiros reclamavam do calor e da lentidão do atendimento. A professora universitária Noemi Salgado Soares, 49, que se preparava para viajar ao Rio de Janeiro, disse estar indignada: "Isso é uma falta de respeito com a população. Não é possível que só haja uma pessoa para fazer a vacinação".
O estudante Felipe Sampaio, 17, esperou mais de uma hora para ser vacinado. "Sou de Goiânia, estou aqui em férias. Quando soube que lá era uma zona de risco, resolvi tomar a vacina". O advogado Rafael Silva, 23, também exercitou a paciência na fila: esperou mais de uma e hora e meia para ser imunizado.
A queixa da aposentada Delvita Neto Silva, 77 era a ausência de uma fila exclusiva para idosos. Ela só foi atendida quando foi levada por outros passageiros ao guichê, após 40 minutos de espera. O neto dela, Bernardo, de 7 anos, passou mal por causa do calor – teve uma piora de uma crise alérgica – e precisou ser retirado da sala.
A razão de tanta confusão foi explicada pela chefe do posto, Romildes Nogueira: "Nós estamos trabalhando com o mesmo efetivo de sempre. Atendíamos cerca de 15, 20 pessoas por dia. Nossa função aqui é emitir o Certificado Internacional de Vacinas, e não fazer essa vacinação em massa", justificou.
Por causa do movimento, Romildes recomenda que somente quem for viajar para fora do Brasil procure o posto. "Quem vai para dentro do país pode tomar a vacina normalmente nos postos da prefeitura. Mesmo quem vai viajar para fora pode tomar a vacina num posto do governo e trazer aqui somente o cartão, para a emissão do Certificado". O documento é exigido por diversos países a turistas e imigrantes.
A lista está no site da Anvisa (www.anvisa.gov.br). De acordo com a assessoria da agência, ainda que o país de destino não seja citado na lista, o viajante deve ligar para o consulado ou representação para confirmar quais vacinas são exigidas.
Em Salvador, o certificado pode ser obtido no aeroporto ou na sede da Anvisa, no Campo Grande. Há ainda um unidade da Anvisa no Porto de Salvador, mas o atendimento é restrito à comunidade portuária.
A corrida para a vacinação contra febre amarela começou quando mais de 40 macacos foram encontrados mortos em Goiás e no Distrito Federal com suspeita de infecção pela doença. Três pessoas já morreram com os sintomas da febre: o trabalhador rural João Batista Gonçalves, 31, em Goiânia, o empresário Almir Rodrigues da Cunha, 46, em Maringá-PR, e o servidor público Graco Carvalho Abubakir, 38. Dos três casos, apenas o último foi confirmado pelo Ministério da Saúde, nesta quinta, como decorrente da doença.