Assalto a pessoas que fazem saque de alto valor em bancos ou caixa eletrônico, modalidade conhecida como saidinha bancária, tem ocorrido com maior freqüência em Salvador. Embora ainda não tenha sido feito um levantamento quantitativo, a Polícia Militar confirma, por meio de sua assessoria de imprensa, que houve aumento de casos na capital e em algumas cidades do interior, como Vitória da Conquista, Ilhéus, Juazeiro e Feira de Santana.
Os constantes assaltos a agências bancárias podem ter relação direta com o crime organizado, avalia o Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV/USP), em pesquisa ainda em andamento. “Parece que as ações de combate ao tráfico têm reduzido de alguma forma o ganho em dinheiro das organizações criminosas, que, por sua vez, passaram a buscar renda em assalto a bancos. Essa é uma hipótese que começa a ser estudada”, explica Paula Ballesteros, socióloga e advogada, pesquisadora do NEV.
Além do episódio ocorrido na última terça-feira na Barra, que resultou em tiroteio deixando três pessoas feridas, a Polícia Civil desarticulou há três meses uma quadrilha acusada de ter realizado cerca de 50 assaltos desse tipo na cidade. O caso mais grave foi o do aposentado Ciro Bernades Pinto, 65 anos, morto após reagir a um assalto, na Pituba, logo após ter sacado em uma agência do Banco do Brasil R$ 4 mil.
Pesquisador do Centro de Estudos de Criminalidade da Universidade Federal de Minas Gerais (Crisp/UFMG), Robson Sávio Reis Souza explica que o aumento da violência urbana nas capitais brasileiras está relacionada, entre vários fatores, ao processo acelerado de desigualdade social. “Não se pode culpar uma única questão, é um problema muito complexo. Mas se não há um investimento em política pública que melhore a qualidade da ação policial e se não criam mecanismos para diminuir as desigualdades sociais nos grandes centros urbanos, o problema tende a crescer”, considera.
Pesquisas feitas nos últimos cinco anos apontam a falta de segurança como principal preocupação dos brasileiros. “Aparece à frente até mesmo do desemprego, mas é importante avaliar que essa é a preocupação das pessoas que vivem nos centros urbanos mais desenvolvidos”, diz Joilson Rodrigues, analista do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com relação às capitais nordestinas, Recife lidera o ranking das mais violentas, de acordo com o Ministério da Justiça. “A Bahia nunca teve destaque nacional no quesito violência urbana. São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Brasília se destacam na proporção de mortes violentas”, lembra Rodrigues.
Alto índice de violência tem impacto direto na expectativa de vida do brasileiro. A expectativa de vida da mulher é superior em oito anos com relação ao homem. De acordo com dados de 2006 do IBGE, a média de vida da mulher brasileira é até os 76 anos, enquanto o homem apenas até 68 anos. Isso ocorre porque, embora nasçam mais homens que mulheres no Brasil, a probabilidade de morte do homem jovem, isto é, dos 15 aos 35 anos, é muito superior à das mulheres. “A mortalidade desse grupo está ligada a homicídios por arma de fogo, por exemplo”, explica Rodrigues.