Salvador conta hoje com 766 salões de beleza e barbearias cadastrados na Vigilância Sanitária de Salvador (Visa), mas apenas cerca de 60% a 70% foram inspecionados em 2008, segundo dados do próprio órgão. Estas inspeções devem ser anuais e são nelas que a Vigilância verifica se as condições sanitárias e higiênicas estão apropriadas para os consumidores não adquirirem nenhuma doença.
Dentre os problemas que os clientes encontram nos salões, o subcoordenador da Visa, Augusto Bastos, aponta a falta de esterilização dos equipamentos e o uso inadequado dos equipamentos como os mais graves. “A falta de cuidado do salão pode ocasionar doenças aos clientes como HIV, hepatite C e B, micoses e sarnas”, alerta Bastos.
O consumidor também deve ficar atento se o salão trabalha com forninhos, parecidos com os de uso doméstico. Este tipo de equipamento é impróprio para fazer as unhas, já que ele não está devidamente esterilizado. Todos os equipamentos devem ser submetidos aos aparelhos esterilizadores, como auclaves, ou as estufas. No caso das estufas, elas devem chegar a 171 C° e os utensílios permanecerem nelas por uma hora. “É importante que as pessoas saibam que os alicates só começam a ser esterilizados a partir do momento que o equipamento atinge a temperatura de 171 C° “, salienta Bastos.
denúncia – Os consumidores podem denunciar os estabelecimentos que não estiverem cumprindo com as regras para a Vigilância. Os estabelecimentos podem ser notificados, multados e até mesmo interditados a depender da gravidade do problema. Atualmente, Bastos diz que apenas 5% das queixas são relacionadas a estes estabelecimentos.
A professora universitária Miréia Carvalho nunca precisou fazer uma reclamação sobre o salão de beleza. Ela frequenta o mesmo estabelecimento há 13 anos. Para ela, as pessoas começaram a ficar mais preocupadas com a possibilidade de doenças, como a hepatite, com a maior disponibilidade de notícias sobre o assunto. Bastante prevenida, ela conta que se vacinou para evitar a contaminação.
“Tenho uma preocupação com a esterilização. Mas a gente não tem como garantir que os materiais ficaram o tempo certo na estufa”, comenta Miréia. Ela conta que leva seu kit de manicure, por ser muito organizada, mas reintera que existem outras formas de se proteger.
Augusto Bastos acrescenta que a Vigilância não atende só os proprietários que solicitam a inspeção, mas também fazem visitas aos outros salões que estão nas imediações, por exemplo. Segundo o sub-coordenador, o órgão não está trabalhando em caráter apenas punitivo, e sim, com ênfase na educação dos profissionais.
Uma das medidas da Visa, foi a criação de uma cartilha especificamente para o público e profissionais dos salões de beleza, que fornece as principais orientações sobre higiene nestes locais e terá uma distribuição de 10 mil unidades. A cartilha foi lançada inicialmente pelo Distrito Sanitário da Boca do Rio.
procon – Além da Visa, o Procon-BA, apesar de não realizar nenhuma fiscalização voltada aos salões de beleza, tem orientações voltadas a este local, onde também há relações de consumo. A primeira ressalva de Bárbara Santos, diretora de fiscalização do órgão, é que todos os estabelecimentos devem ter o preço dos seus serviços afixados e visíveis para os clientes.
“Os consumidores têm direito a informação de forma clara, dizendo o que é o produto, ou o que é o serviço e o preço que será cobrado”, informa a diretora. Ela diz que o dono do salão pode cobrar preços diferenciados para os clientes, a depender do tamanho do cabelo, por exemplo, mas isto deve estar claro na tabela de preço. A principal recomendação é que o consumidor só aceite o serviço depois de tirar todas as dúvidas sobre o que contrata.
“É bom que a pessoa conheça o profissional. Saiba se ele possui mesmo a técnica devida para cortar um cabelo, por exemplo. Depois, se ele se sentir lesado por algum serviço, ele tem o direito de ingressar com uma ação, mas terá mais trabalho para provar”, esclarece a diretora.
Bárbara Santos lembra que os salões não podem cobrar um preço diferenciado para colocar o serviço no cartão de crédito, ou mesmo cobrar um valor mínimo para fazer este tipo de pagamento, assim como nos outros estabelecimentos comerciais.
“As pessoas tem que exigir uma nota fiscal pela prestação do serviço”, salienta a diretora. Podem ser feitas denúncias no órgão sobre cobranças indevidas.
A pedagoga Manuela Nascimento segue este conselho. Ela sempre faz o cabelo com o mesmo profissional, em que assume confiar plenamente, e lembra que começou a frequentar o salão há quatro anos por causa da contratação dele. Sobre os outros serviços, Manuela mantêm a exigência preocupada com a saúde. “Quando vou fazer as unhas, sempre procuro ver se o material estava guardado e limpo”, garante Manuela.