Servidores do Hospital Geral do Estado (HGE) se mobilizaram nesta terça, dia 07, Dia Mundial da Saúde, em protesto contra o que eles chamam de distorções no plano de carreiras, cargos e vencimentos (PCCV), aprovado em 28 de janeiro pela Assembleia Legislativa. Mais de 50 trabalhadores se reuniram em frente à unidade e depois seguiram em caravana para a Secretaria Estadual de Saúde (Sesab), no Centro Administrativo da Bahia (CAB).
No HGE, 50% do quadro de funcionários – entre enfermeiros, técnicos, nutricionistas, fisioterapeutas e auxiliares administrativos, sobretudo – cruzou os braços, segundo a diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Estado da Bahia (Sindsaúde), Tereza Deró. Segundo a coordenadora médica de emergência do hospital, Conceição Gonzaga, os médicos não aderiram à mobilização e a emergência funcionou com 100% do quadro. Até o meio-dia desta terça, 250 pessoas tinham dado entrada no HGE.
Embora sem maiores transtornos, houve quem esperasse mais de 20 minutos para receber atendimento. A paciente Cleonete Ferreira de Jesus viajou quatro horas de Capim Grosso a Salvador em uma ambulância para fazer exames na Hemoba, onde desmaiou e por isso foi encaminhada ao HGE. “Não é normal demorar assim”, reclamou o motorista da ambulância, Djalma Diniz, 64 anos.
Segundo Conceição Gonzaga, que fez a triagem da paciente, Cleonete não deveria ter sido direcionada ao hospital e justificou a demora. “O problema dela é clínico (infecção urinária), não é de emergência. Ela não deveria vir para cá, ainda mais sem relatório médico. A gente atende casos de emergência e tem uma paciente grávida que sofreu um acidente grave, ela é a prioridade da equipe”, justificou a coordenadora.
A movimentação dos servidores estava prevista para acontecer em pelo menos dez unidades da capital, entre elas os hospitais Roberto Santos e Octávio Mangabeira, além de centros de saúde do interior, nas cidades de Vitória da Conquista, Alagoinhas e Barreiras. Segundo informações da Sesab, a mobilização se restringiu ao HGE. A reportagem esteve no Roberto Santos e no Octávio Mangabeira, onde o expediente transcorreu normalmente.
DISTORÇÕES – Segundo os servidores, o novo plano, em vigor desde 1º de fevereiro, não atendeu às emendas apresentadas pelo sindicato, entre elas a inclusão dos servidores do Grupo Ocupacional Técnico-Administrativo (inclusive motoristas); a manutenção da majoração de 1/3 sobre gratificação de incentivo do desempenho (GID) para os trabalhadores com carga horária ampliada para 40h; a equiparação da GID dos servidores de nível superior da Saúde com a GID da categoria médica; e o ajuste na tabela da GID com melhoras na gratificação para os profissionais de nível superior e os demais de níveis médio e técnico.
Entre as “distorções” questionadas, um exemplo é a diferença de valor das gratificações pagas a técnicos de enfermagem (entre R$ 610 e R$ 635) e técnicos administrativos (R$ 235), apesar de as duas categorias terem profissionais do mesmo nível de escolaridade.
Os servidores não foram recebidos pelo secretário de Saúde Jorge Solla, que estava ontem na cidade de Santa Maria da Vitória. O chefe de gabinete da Sesab, Washington Couto, recebeu o documento de reivindicações da categoria, que será repassado a Jorge Solla. A mobilização de terça foi uma sinalização para o indicativo de greve que deverá ser votado pela categoria na próxima terça-feira, dia 14.
CORREDORES – Outro hospital muito procurado pela população, o Ernesto Simões Filho, nesta terça à noite, apresentava um quadro que vem se tornando comum em Salvador. Por conta de a enfermaria estar lotada, muitos pacientes esperavam atendimento em macas espalhadas pelos corredores.