Pés no acelerador, mãos no volante e no coração uma paixão: dirigir. Para celebrar o trabalho daqueles que passam os dias engatando marchas e tocando as buzinas dos veículos, neste domingo, 25, é comemorado o Dia do Motorista. A programação festiva começou cedo, com a missa em homenagem ao santo, às 7h30, na Paróquia de São Cristóvão, que ficou lotada de fiéis.
Em seguida, os devotos participaram de uma carreata. Todos os anos participamos das celebrações. Devemos nossa convivência, casamento e filhos, a São Cristóvão, afirmou o casal Marcelo e Edinéia Rosário, moradores do bairro e devotos do santo. Marcelo seguiu à frente da carreata, abrindo o caminho para passagem da imagem até o bairro de Itapuã.
O pároco da igreja, Cristoforo Testa, pregou uma mensagem de fé para os católicos. São Cristóvão foi um homem de fé, que deu a vida e enfrentou dificuldades, é um exemplo, disse. Ao motorista, padre Cristoforo pediu calma e paciência no trânsito, sem esquecer de pedir a Deus que lhe guie e ilumine.
À tarde, acontece uma procissão pelo
bairro. Às 18h, uma missa solene será presidida pelo bispo auxiliar da
Arquidiocese de São Salvador, Dom Gregório Paixão.

Fiéis marcaram presença na missa em homenagem a São Cristóvão
Paixão ao volante - Apaixonado por carros desde pequeno, quando ainda morava na cidade de Castro Alves, a 194 quilômetros de Salvador, Joselito Souza, o Bule, afirma que não gostaria de ter outra profissão. Aos 14 anos, quando girou a chave e ligou o motor pela primeira vez, Bule abraçou o ofício de motorista e não largou mais.
Trabalho há 30 anos nisso, e sempre moro na casa de meus patrões. A amizade fica maior ainda assim, compartilhando momentos do dia-a-dia, diz. Bule conta, animado, que as três décadas de trabalho guardam momentos inesquecíveis. Já ganhei de presente de uma família para a qual eu trabalhava uma viagem para Niterói. Passei 20 dias lá, conheci o Rio de Janeiro, foi muito bom. Surpresas de aniversário também constam na lista do simpático chofer, que em nada faz lembrar a sisudez dos colegas do cinema.
Satisfação - Há exatamente um ano e nove meses no volante da linha de ônibus Santa Cruz/Barroquinha, da empresa Central,o motorista Wesley Matias, 33 anos, conta que adora o trabalho que faz. "Acho legal ser responsável por levar as pessoas ao trabalho, à praia, à vida delas", diz. Quando o trabalho acaba, Wesley aproveita a academia no trabalho e depois vai estudar.
"Quero passar em direito, vou fazer vestibular no fim do ano, planeja. Bonito e casado, Wesley afirma que a parte engraçada do trabalho fica por conta das cantadas que recebe. Tem menina que me entrega a cédula de R$ 2 com telefone e um me ligue com urgência escrito, diz, rindo. Ele conta que, vez por outra, alguma passageira mais atiçada diz uma gracinha à queima-roupa. Aí eu agradeço e não falo mais nada, pra não incentivar, afirma.
A bordo de seu táxi, Lauro Teixeira, 52 anos, conta que já levou muita gente. Com uma imagem de Nossa Senhora Aparecida no carro, Lauro afirma que para exercer o ofício é preciso ter muita fé. Se eu pudesse encher o carro de santo, eu enchia, diz o também meia-esquerda do time Chuteiras Cansadas, do Saboeiro. Eu era craque, sabia? Já joguei até no profissional do Bahia e do Ipiranga.
Lauro só muda o rumo quando o assunto é o coração. Ri solto e diz que a maioria das cantadas que recebe é de moça que não quer pagar a corrida. Mas eu prefiro que pague, e o resto a gente vê depois. Estou igual aos jovens: estou ficando, diz.
*Com informações de Danile Rebouças | A Tarde