Diretor de Sindicato preso apedrejando ônibus

Qua , 31/05/2006 às 08:47

Diretor de Sindicato preso apedrejando ônibus

A Tarde On Line

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Salvador

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O diretor de base do Sindicato dos Rodoviários, Luciano Souza dos Santos, conhecido como "Luciano Bocão" foi preso em flagrante na manhã desta quarta-feira quando apedrejava um ônibus no bairro de Itinga. Ele lançava as pedras com um badogue e acabou atingindo o motorista do veículo, que teve lesões leves. Luciano permanecerá detido e está a disposição da justiça.

Até as 11 horas, três ônibus da empresa Boa Viagem foram apedrejados. Dois dos veículos foram atingidos enquanto transportavam passageiros em cumprimento a ordem judicial que determina a colocação de parte da frota na rua. Os estilhaços dos vidros atingiram um passageiro. O terceiro veículo foi atingido ainda de madrugada, quando transportava motoristas para a garagem da empresa.

A Central de Comunicação das Policias Civil e Militar (Centel) confirmou que um adolescente foi preso quando apedrejava um ônibus na av. ACM, perto do Detran. O adolescente foi encaminhado à Delegacia do Menor Infrator. A PM escoltou os ônibus que voltaram a circular para evitar a depredação dos veículos. Quatro empresas colocaram os ônibus nas ruas: Itinga, União, Praia Grande e Central, informou o Sindicato das Empresas de Transporte Público de Salvador (Setps). Segundo o órgão, a Expresso Vitória, que roda no subúrbio, também colocou os ônibus na rua.

Na sede da São Cristovão, os rodoviários em greve impediram a entrada dos motoristas convocados pela empresa para conduzir os ônibus. Na frente da empresa Axé, houve piquete dos rodoviários por volta das 11 horas.

A Praia Grande liberou quatro ônibus dirigidos por instrutores porque os sindicalistas não permitiram a entrada dos motoristas. Logo depois, cinco motoristas da empresa foram pegos em casa e levados até a garagem da empresa. Todos entraram no local escondidos. Deixaram a garagem dirigindo os veículos e acompanhados por PMs.

Na porta da garagem da Praia Grande, um suposto rodoviário, mais exaltado, gritava que a ordem do Sindicato era para apedrejar todos os ônibus encontrados na rua após as 17 horas de hoje. Diretores do Sindicato retiraram o homem da entrada da garagem sob acusação de que ele não pertencia à categoria e que só estava no local para desacreditar o movimento grevista. O Sindicato nega que tenha ordenado depredação dos ônibus.

Carona para trabalhar - No segundo dia de greve geral dos rodoviários, algumas paradas de ônibus de Salvador amanheceram cheias de pessoas que, na ausência dos coletivos, tentaram conseguir uma carona para chegar ao local de trabalho. No ponto de ônibus da Rótula do Abacaxi e na primeira parada da avenida Bonocô, muita gente com os braços esticados, esperava que um condutor mais solidário parasse o carro. No entanto, outros pontos da cidade, como os do bairro da Graça e Barra estavam completamente vazios. Alguns micrônibus circularam pela cidade para transportar as pessoas que dependem do serviço público de transporte.

Estou procurando qualquer pessoa que vá para os lados da Federação. Se for para o Rio Vermelho também serve, porque eu subo a Cardeal da Silva a pé, revelou o pedreiro Antonio Carlos Miranda, 42. Com um serviço para concluir em um edifício na Federação, ele tentava de qualquer forma conseguir alguém que o levasse até próximo do seu destino. Se eu não concluir o trabalho, não recebo.

Também no ponto da Rótula do Abacaxi, Ediléia Maria do Nascimento, 27, funcionária de uma agência bancária na avenida Estados Unidos, esperava a passagem de um colega que a levaria até o emprego. O banco não liberou por causa da greve e para facilitar, quem tem amigo ou vizinho que possa fazer um transporte solidário está usando esse recurso, enquanto a empresa providencia carro para os que não tem a quem recorrer.

Na terça-feira, dia 30, a população de Salvador também enfrentou dificuldade para sair de casa para trabalhar e para retornar no final do expediente. Calcula-se que pelo menos 1,5 milhão de pessoas utilizam transporte coletivo na capital baiana. Além dos prejuízos para a população, os empresários também já sentem no bolso o impacto da greve. Até a tarde de ontem, 103 ônibus haviam sido apedrejados por motoristas e cobradores que fizeram piquete na porta das garagens, gerando um prejuízo de R$ 18 mil.