Fenômeno celeste ocorre na data de fundação da cidade, comemorada em 29 de março, e será parcialmente visível
FABIANA MASCARENHAS
No dia do seu aniversário, 29 de março, Salvador amanhecerá sob um espetáculo digno de comemorações pelo seu nascimento. Ao completar 457 anos, além dos festejos tradicionais, os moradores da primeira capital do Brasil ganharão um presente: a possibilidade de observar parcialmente o primeiro eclipse total do Sol deste século ocorrido em território brasileiro, segundo dados do Observatório Astronômico Antares da Universidade Estadual de Feira de Santana.
O trajeto da sombra do disco lunar na superfície terrestre começa no Brasil, mais especificamente no interior do Rio Grande do Norte, estende-se pelo Oceano Atlântico, nordeste da África e Ásia Central, terminando na Mongólia, no entardecer local.
No Brasil, ele será visível ao amanhecer e por volta das 5h38 a sombra da Lua começará a tocar na Terra. A Região Nordeste especialmente os Estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia estará em melhor posição geográfica (ver infográfico).
Entretanto, de acordo com o diretor do Observatório Antares, de Feira de Santana, César Orrico, na hora da totalidade às 7h33 , não haverá escurecimento integral na Bahia, devido à localização geográfica do fenômeno. O eclipse poderá ser visto parcialmente pelos baianos, que poderão observá-lo das 5h41 até as 6h26. Aqui, a faixa de obscuridade chegará a 69,2%. Quando o sol nascer, ele já estará eclipsado, explica.
O melhor local para observação será o litoral leste do Rio Grande do Norte, incluindo Natal, e parte da Paraíba, onde o eclipse será total. Na Região Sul e na maior parte da Região Norte, ele não será visto. No Sudeste, apenas Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais poderão acompanhar o eclipse parcialmente.
Fenômeno O astrônomo e diretor do Instituto de Astronomia e Astrofísica de Feira de Santana, Antônio Carlos da Graça, explica que eclipse solar é o obscurecimento de parte da visibilidade ou da luminosidade do Sol pela sombra da Lua projetada na Terra.
O fenômeno ocorre quando o Sol, a Lua e a Terra estão alinhados, com a Lua no meio. Visto da Terra, a Lua fica em frente ao Sol e, assim, parte ou toda a luz do Sol é encoberta pela Lua. Pode aparentar que uma área do Sol foi retirada ou que ele desapareceu repentinamente, esclarece.
De acordo com o astrônomo, normalmente, a cada ano ocorrem pelo menos dois eclipses, sendo, neste caso, os dois solares. Este ano, teremos quatro eclipses, dois do Sol e dois da Lua. O próximo está previsto para 22 de setembro, e os dois lunares, no dia 14 de março e 7 de setembro, respectivamente, informa.
Há quatro tipos de eclipse solar: o parcial (somente uma parte do Sol é ocultada pelo disco lunar); o total (no qual toda a luminosidade do Sol é escondida pela Lua); o eclipse em anel ou eclipse anular (um anel da luminosidade solar pode ser vista ao redor da Lua); e o eclipse híbrido, quando a curvatura da Terra faz com que o eclipse seja observado como anular em alguns locais e total em outros.
O eclipse total é visto nos pontos da superfície terrestre que estão ao longo do seu caminho e fisicamente mais próximos à Lua e podem, assim, ser atingidos pela umbra (trajeto da sombra do disco lunar na superfície terrestre) outros locais, menos próximos da Lua, devido à curvatura da Terra, caem na penumbra do satélite da Terra e enxergam um eclipse anular (ver infografia).
Observação requer cuidados com os olhos
O fenômeno, que encanta o homem há milênios, entretanto, não poderá ser vislumbrado a olho nu. Observar o eclipse sem proteção adequada resulta, na maioria dos casos, em cegueira irreparável, pois provoca a queima da retina. O diretor do Observatório Antares, César Orrico, recomenda não improvisar jamais com filmes velados, vidros esfumaçados, reflexão em superfície aquosa, entre outros.
Prefira os métodos indiretos, como reflexão da imagem por espelho sobre um anteparo ou projeção da imagem de um instumento óptico (binóculos, luneta, lente etc) sobre um anteparo, orienta. O astrônomo sugere uma observação de improviso caseiro para os amantes dos fenômenos astrológicos. Um papelão com um furo no meio e um espelho podem servir como aparelho para projetar a imagem do eclipse numa parede.
Há ainda o método que consiste em projetar a imagem do Sol captada por um binóculo ou uma luneta num anteparo, que fica à sombra por causa de um pára-luz, um pedaço de papelão escuro montado entre o tubo do instrumento e o anteparo.
Deve se ter muito cuidado para apontar o instrumento na direção do Sol sempre indiretamente, sem olhar pela ocular em nenhum momento. O anteparo pode ficar nas mãos de alguém, enquanto os outros observam ou fotografam. O astrônomo alerta que, na dúvida, é melhor não arriscar. O ideal é procurar orientação de astrônomos. Certamente, haverá muitos deles observando o fenômeno no dia, recomenda.