Política precisa ser discutida dentro da sala de aula. É o que afirma o professor e escritor Edson Gabriel Garcia. Para ele, o aluno da escola pública, por exemplo, precisa entender que se não tem professor para dar aula é porque houve uma decisão política antes, feita por algum gestor ou político. Decisões políticas, portanto, também afetam a vida dele.
Na formação cultural de Garcia, educação política só veio na época da faculdade. Lá, ele passou a refletir a articulação entre os dois assuntos e como é importante que ambos estejam interrelacionados.
Formado em Pedagogia e Letras, lançou em 2002 o livro De olhos bem abertos (Editora FTD, Coleção Conversas Sobre Cidadania, 64 páginas, R$ 23,40), que conta a história de como uma diretora envolveu seus alunos em discussões políticas em torno do grêmio estudantil, uma obra focada na educação política para a juventude. Escrevi o livro para mostrar aos jovens a nobreza da política. Afinal de contas, o homem é um bicho essencialmente político, relata.
O abandono da discussão política em sala de aula é uma herança do regime militar, explica Garcia. Esse desinteresse ou preguiça dos professores teriam origem em um tabu criado no País durante o período de repressão. Mas ele não desiste e é entusiasta da ideia de aproximar política até dos menores. Em suas ideias este é o caminho demudar a configuração política do Brasil, que se está como está é porque essa geração perdeu o interesse.
Apesar da publicação de Garcia ser voltada para o público jovem, ele conta que adultos leem e comentam a obra. As crianças levam os livros para casa e os pais, tios e avós acabam lendo e gostando, diz. A obra de Garcia foi uma das primeiras do gênero quando foi lançada. Deixei minha vida partidária de lado para escrever o livro, revela o autor.
Salvador - O coordenador de apoio pedagógico e ensino da Secretaria de Cultura (Secult), Manuel Calazans, comenta que nas escolas de ensino fundamental da rede municipal de ensino de Salvador o assunto política está dissolvido no conteúdo programático das disciplinas. Estuda-se política quando se estuda geografia e formação do País, em história, no entendimento do Estado. Calazans diz que não há um trabalho direcionado pela secretaria e as escolas têm autonomia para criar iniciativas e situações que gerem proximidade entre o aluno e o tema.
Educadora e líder sindical, a coordenadora do Sindicato dos Profissionais em Educação do Estado da Bahia (APLB), Marilene Betros, entende como a política está imbricada com educação e vai além: Educar é um ato político. Ela não só acha que o tema deve estar dentro da sala de aula, como reitera, que este não deve ser um assunto só para os maiores.
A coordenadora explica que os pequeninos devem ter uma noção de política para que saibam além do básico questionário, respondendo quem é o prefeito e o presidente do País. Eles precisam entender como é que funciona isso.
Se desde pequeno a escola promove atividades para eleger um líder da turma, eles já fazem o exercício da democracia que é votar. Eles precisam entender que estão numa democracia e o que isso significa para a vida deles, reitera Marilene. E eles entenderão quando o representante é que responder por ele na hora de escolher algo para sala.
Em Brasília, alunos da UNB criaram o Política na Escola. A ideia é educar os pequenos sobre a importância da política no dia a dia. Assista ao vídeo:
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