Latas e garrafas enfeitaram toda a orla na primeira manhã de 2006; só na Barra, foram recolhidas 80 toneladas de dejetos
Paulo Amancio e Marcia Gomes
Os primeiros raios de sol que iluminaram o 1º de janeiro de 2006 na orla de Salvador revelaram a essência da festa que se estendeu por toda a noite. Milhares de latas, pedaços de isopor e garrafas de champanhe e de refrigerante espalhavam-se pelo asfalto, pela grama e pela areia das praias, disputando espaço com as centenas de pessoas que, impossibilitadas de voltar para casa no meio da madrugada pela falta de opções de transporte ou simplesmente dispostas a curtir todos os momentos da noite especial, insistiam em prolongar, cada um a sua maneira, o clima da passagem de ano.
Só nas proximidades do Farol da Barra, palco da principal festa da virada de ano na cidade, foram recolhidas 80 toneladas de lixo o dobro da coleta no primeiro dia de Carnaval de 2005, de acordo com o gerente de serviços especiais da Limpurb, José Renato Freire.
Grupos de amigos que foram assistir ao badalado Réveillon na Barra, que reuniu cerca de 500 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, casais de namorados e famílias aproveitavam as primeiras horas da manhã para descansar estendidos na grama ou encostados na balaustrada , beber a eterna saideira ou tomar água de coco e banho de mar para curar a ressaca. Quem não agüentou acabou dormindo na areia sem se importar com o barulho e o vaivém das pessoas que passeavam na praia.
O comerciário José Souza Teles, 38 anos, e sua mulher, a dona de casa Letícia, 29, levaram o casal de filhos, Cláudio e Ticiana, 7 e 5 anos, pela primeira vez para participar de um Réveillon na praia. Garantem que não se arrependeram. Foi muito bom. As crianças gostaram muito da música, dos fogos, ficaram acordadas a noite toda e agora vão tomar banho de mar para voltar para casa, comemorou Letícia.
A festa também agradou a turistas como o cabeleireiro Elton Martins, que há anos vem de Itamaraju para passar Réveillon e o Carnaval em Salvador. Os shows estavam ótimos. Gostei muito da organização, do policiamento ostensivo, não deixou nada a desejar, elogiou.
BARRACAS Da Barra até Itapuã, centenas de pessoas ainda circulavam pelas ruas nas primeiras horas da manhã de ontem, muitas ainda comemorando a passagem do ano nas poucas barracas que se mantinham abertas, outras esperando ônibus nos pontos e algumas voltando a pé para casa, com os sapatos nas mãos.
Nas praias do Rio Vermelho, Jardim de Alá, Corsário, Patamares, Piatã, Placafor e Itapuã, onde algumas barracas promoveram festas de Réveillon com música ao vivo, muitos convidados emendaram a noite com o dia, estendendo a comemoração e a cervejinha gelada até mais tarde.
No Parque do Abaeté, onde o som na maioria das barracas rolou até as 4h30, algumas poucas pessoas descansavam debaixo das árvores e umas 15 crianças banhavam-se nas águas escuras da lagoa pela manhã.
SEGURANÇA No início da noite de ontem, o delegado plantonista da 14ª Delegacia de Polícia, Nelson de Almeida Gomes, ainda não dispunha de estatísticas relativas ao registro de furtos durante a festa de Réveillon no Farol da Barra, mas constatou que durante todo o primeiro dia do novo ano foi intenso o movimento de pessoas na delegacia, a fim de registrar queixa de objetos furtados.
Mesmo assim, segundo ele, o Réveillon 2006 foi tranqüilo. Até agora não temos registro de casos mais graves ou violentos nas festas da cidade, assinalou. O delegado informou também que chegou à delegacia grande número de ocorrências de documentos perdidos (carteira de identidade, título de eleitor, cartão de crédito, etc.). É um equívoco levar tantos documentos a festas grandes como as de Réveillon, alertou.