Bono enganado
O líder do U2 disse estar buscando na Bahia um lugar onde, neste mundo segregacionista e excludente, pobres e ricos, negros e brancos e crentes de todas as religiões pudessem compartilhar um mesmo espaço. Será que não notou as cordas, os tapumes e os mecanismos de segurança que impedem o livre trânsito dos menos favorecidos e possibilitam a auto-segregação dos mais abastados? Será que não se fizeram evidentes as milhares de pessoas que estão nos circuitos pela oportunidade de fazer, com a venda de mercadorias, algum dinheiro para o seu sustento? Onde esconderam o desemprego, a ausência de educação de qualidade, as carências do sistema de saúde, a fome e a miséria de nosso País?
Patrícia Smith
Salvador BA
Nossos dias
Até o início dos anos 80, tínhamos um Carnaval romântico. O folião se expressava de forma despreocupada, pois seria pouco provável ser violentado, mesmo estando no meio de uma multidão. Hoje vivemos uma revolução carnavalesca, calcada nos pilares do comércio, onde quem tem poder aquisitivo paga pela sofisticação, luxo e glamour de um abadá ou pelas cinco estrelas de um camarote vip. Enquanto isso, a população, outrora mais feliz, agora desamparada, se espreme nos circuitos, circunvizinhada por toda sorte de desrespeito e marginalidade.
Hélio Ondiária V. Filho
Salvador BA
Mudança contaminada
A privatização do Carnaval vem contaminando a Mudança do Garcia, o único espaço vivo preservado pelo esforço de gente abnegada que não se dobra à ganância empresarial. Cabem medidas para que os trios não mais participem no próximo ano. Insubstituível pelo seu aspecto crítico e mordaz, e por ser de grande aceitação popular, poderia abrir o Carnaval de 2007 como bloco alternativo. Charangas e bandas não podem ser sufocadas pela parafernália eletrônica, sob pena de sepultarmos esta tradição belíssima que abraça indistintamente cidadãos de todas as raças e nacionalidades.
Jorge Braga Barretto
Salvador BA
Ajuda ao Gandhy
A cada ano, o Afoxé Filhos de Gandhy perde um pouco mais de sua tradição. Primeiro, foi a invasão de turistas. Depois, o preço inflacionado da fantasia, deixando-o como o Camaleão dos blocos afros. Agora, o tal de turbante azul, descaracterizando totalmente o tapete branco da paz. Quando saí pela primeira vez, emocionei-me ao realizar um sonho e relembrar a história do afoxé. Hoje, 57 anos depois, a atual diretoria esquece as tradições e destrói o Gigante de Guiné. O que se prepara para o ano que vem? Abadás? Ou, como circula na internet, a volta do turbante branco, mas com a fantasia azul? O Gandhy pede paz e pede ajuda! Ajaiô!
Alex Barbosa
Salvador BA
Festa popular?
No início dos anos 80, o cortejo da Lavagem do Bonfim foi transformado num desfile de caminhões. Com o Bonfim Light, fez-se a vontade dos empresários e a festa voltou à sua forma popular. O mesmo poderia ser feito com o Carnaval. Devolveríamos o centro da cidade aos foliões sem bloco, aos blocos e afoxés com banda de sopros e percussão, aos trios elétricos independentes únicos veículos que poderiam circular e às centenas de barraqueiros e baianas que perderam o seu trabalho. A atual festa seria mantida na Barra e Ondina.
Haroldo Sá Filho.
Lauro de Freitas BA
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