Os parentes de Deise Ramos Santos, 21, baleada na última segunda-feira de Carnaval, pretendem organizar uma manifestação, neste sábado, 24, no bairro da Barra. Eles prometem fazer uma caminhada do Farol da Barra, até a 14ª Delegacia de Polícia de Salvador, na Rua Cézar Zama, em protesto contra a violência.
Deise levou um tiro no pescoço e segue internada no Hospital Central Roberto Santos. A intenção da família é cobrar da Justiça baiana a condenação do responsável pelo crime, Ednaldo Machado, 18, e pedir mais segurança nas ruas durante os festejos populares. A caminhada terá o apoio de moradores do bairro de Itinga, em Lauro de Freitas, onde Deise mora com os pais e três irmãos. Não podemos deixar que a violência faça mais vítimas em Salvador. Precisamos lutar para que haja reforço na segurança, disse Gleide Ramos Santos, 22, irmã de Deise.
Vítima de uma bala perdida, Deise poderá ficar paraplégica, segundo informações do último boletim divulgado pelos médicos. A única certeza é que ela sobreviverá ao ferimento a bala, instalada na coluna.
Desempregada há dois anos, Deise ainda está na unidade de terapia intensiva do Roberto Santos, para onde foi levada na terça-feira, um dia depois de ter dado entrada na emergência do Hospital Geral do Estado (HGE). Ela ainda não consegue falar e recebe vistas quase todos os dias dos pais o prestador de serviços Edmilson Lopes Santos e a dona de casa Gildete Ramos dos Santos e dos irmãos.
Segundo Gleide, a irmã reconhece as pessoas e consegue entender tudo. Ela faz sinais com a cabeça para mostrar que compreende as coisas que nós falamos durante as visitas ao hospital. Gleide estava mais três amigas e Deise no momento em que ela foi atingida por um dos três disparos efetuados contra Jomário Barbosa da Cruz, 24, assassinado com dois tiros na cabeça.
Os familiares ainda estão chocados com o tiroteio e não sabem como irão custear o tratamento da jovem, caso ela fique, de fato, paraplégica. Meus pais não têm condições de pagar o básico, como fisioterapia, por exemplo, caso ela fique sem poder se locomover sozinha.
O tiroteio que feriu Deise ocorreu por volta da meia-noite de segunda-feira, durante o desfile do trio do músico Carlinhos Brown, o Pipocão, que saiu pela primeira vez no Carnaval baiano. Segundo a polícia, o crime foi motivado por uma briga antiga entre Jomário e o atirador.
No momento dos disparos, Gleide se jogou no chão e suas amigas fugiram. Na fuga, Deise foi ferida e caiu na pista. Quando a encontrei no chão pensei que estivesse abaixada para não se ferir, mas, no momento que puxei seu braço vi que estava ferida. Fiquei desesperada, conta.
Deise e Jomário deixaram o local carregados por outros foliões. Eles receberam os primeiros socorros em um posto de saúde montado nas imediações do Circuito Dodô. Depois, os dois foram encaminhados ao Hospital Geral do Estado (HGE), onde foi constatado o falecimento do homem, morador do bairro de São Cristóvão.
O responsável pelos disparos foi preso minutos depois, atrás do edifício Oceania, na Barra. Ele foi autuado em flagrante no posto da Polícia Civil do Farol e levado para a 1ª Delegacia, nos Barris, onde continua preso. No dia do crime, ele negou a autoria dos disparos, contrariando três testemunhas.